A poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação capaz de mudar o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza; exercício espiritual , é um método de liberação interior. A poesia revela este mundo; cria outro.
Pão dos eleitos; alimento maldito; isola ; une. Convite à viagem; regresso à terra natal. Inspiração, respiração , exercício muscular. Pregação no deserto, epifania , presença. Exorcismo, conjuro , magia. Sublimação, compensação , condensação do inconsciente. Expressão histórica das raças, nações , classes. Nega a história: em seu seio se resolvem todos os conflitos objetivos e o homem adquire enfim consciência de ser algo mais que transitório. Experiência, sentimento, emoção, intuição , pensamento não-dirigido. Filha do acaso; fruto do cálculo.
Arte de falar numa forma superior ; linguagem primitiva.
Obediência às regras; criação de outras.
Imitação dos antigos, cópia do real , cópia de uma idéia. Loucura, êxtase, logos. Regresso à infância, coito, nostalgia do paraíso, do inferno, do limbo. Jogo, trabalho, atividade ascética. Confissão. Experiência inata. Visão, música, simbolo. Analogia: o poema é um caracol no qual ressoa a música do mundo e metros e rimas não são mais que correspondências , ecos, da harmonia universal. Ensino, moral , exemplo, revelação, dança, diálogo , monólogo. Voz do povo, língua dos escolhidos, palavras do solitário. Pura e impura , sagrada e maldita, popular e minoritária, coletiva e pessoal, nua e vestida, falada, pintada, escrita , ostenta todos os rostos, mas há quem afirme que não possui nenhum , o poema, é uma certeza que oculta o vazio; a bela prova da supérflua grandeza de toda obra humana.
Poesia e Poema Octavio Paz - Introdução de O Arco e a Lira
22 de abr. de 2010
13 de abr. de 2010
Wabi-Sabi
na boca, no canto
riso, ruga, ranhura
o olho, dissidentes
vergo, visgo, vesgo
em pele
cicatriz, tatuagem, arranhado
feridas na alma
trincados na parede
limo fresco na sombra dos muros
uma flor morta e seca
por entre as páginas de nosso livro predileto
e essa sua discreta imperfeição
que tem minha afeição
tua linda forma não exposta
na flor da pele lacrimal
sinopse sudorosa sonora
sincera rosa humana
discreta ranhura
que leva a mente ao cerne da tua coisa qualquer
desse seu jeito impermanente
de permanecer em esplendor vivo
quase incomodo
em minha memória.
1 de abr. de 2010
Sombras de Árvores
Fotografando sombras
Rasgando caminho por mais essa ausência
Sombra de árvores
Sombra de gente
Prédios em sombra
Sobras de alinhamentos & interposições
Quase ausência de luz & querências de visões
Sombra de gente
Prédios em sombra
Sobras de alinhamentos & interposições
Quase ausência de luz & querências de visões
Nas sombras
um repouso de silêncio não solicitado
e o esforço dos olhos por mais um significado.
Assinar:
Postagens (Atom)