O Mapa do Pleroma é um diagrama desenvolvido
pela escola gnóstica de Valentino que pretende dispor geometricamente e
geograficamente o que seja a manifestação do Verdadeiro Deus, do qual nenhuma
palavra pode dizer nada, assim o diagrama seria um esforço mental racional
daquilo que se desdobrou a partir da Criação dos mundos pelo sonho desse
Verdadeiro Deus de Profundidade & Silêncio.
Essas figuras que compõem o Mapa do Pleroma,
conforme lembra G. R. S. Mead, são INFINITAS, pondo em seu lugar definitivamente que mesmo o esforço de se
expressar geometricamente tais emanações, que ali mesmo onde as palavras calam
e a disposição mental pura matemática age, ainda estão sendo tratadas de
“coisas” metafísicas.
Assim temos disposto:
1- O ponto superior no
mapa representa então a Mônada Divina, BYTHUS (Profundidade), que é o Pai
Desconhecido.
2- O grande quadrado
central é SIGE (Silêncio), que é o atributo paralelo da Profundidade, sua
disposição impenetrável, irreconhecível também. Esse Silêncio parece penetrar o
próprio mundo material e cerca em sua atribuição silenciosa todas as outras
representações.
3- O triângulo superior
representa BYTHUS e o primeiro par emanado, a duade NOUS (Mente) e ALETHEIA
(Verdade), a primeira Sigízia.
4- Dois círculos
ligados ao triângulo superior representam CHRISTO e PNEUMA, que com o Pai
Desconhecido forma a Trindade: Pai – Mãe – Filho, ou Pai – Espírito Santo –
Filho.
Estas são na verdade pós-emanações de Bythus
& Sige que visam instruir e envolver a matéria, que provém da mesma fonte
pleromática. Historicamente, esse “instruir
e envolver a matéria” se refere à encarnação dos Kûmaras no mundo, que
provêm à Humanidade o Ego Superior, no plano de liberação do Espírito da
matéria.
5- O grande quadrado
central traz em si a representação de duas duades, um par masculino (linhas
verticais) e um par feminino (linhas horizontais). Assim temos LOGOS (Verbo –
masculino) e ZOE (Vida – feminino), e ANTHRÔPOS (Homem – masculino) e EKKLESIA
(Igreja – feminino).
A disposição do primeiro triângulo (Tétrade)
e do primeiro quadrado (Quaternário), contém em si a representação das
potencialidades do Espírito e da Matéria, que ao todo formam 7 potencialidades
de manifestação ou os Princípios da Verdade.
6- Vemos então o PENTAEDRO,
ou o Pentagrama central. Este, segundo Mead, é o símbolo misterioso dos
Manasputras (ou Filhos da Sabedoria). Ele representa 5 Sigízias, ou ao todo 10
Eons.
7- Permeando temos o HEXAEDRO,
ou o Hexagrama, que representaM 6 Sigízias, ou 12 Eons.
Nessa altura contamos ao todo então 28 Eons,
que são as Idéias emanadas da Mente Divina do Pai Desconhecido, Bythus.
8- O Grande Círculo
exterior é o Limite do Pleroma (ou da Completude), a fronteira no final da “manifestação”
que separa o Pleroma do material inferior.
É a Barreira de Fogo intransponível chamado
HÓRUS. Esse círculo é emanado de Bythus, e é reconhecido também como Staurus
(Estaca, Cruz). Hórus separa o Não-manifestado do Manifestado.
9- Abaixo de tudo, um
círculo menor, relembrando a disposição “Assim
em Cima como Embaixo”, está o HYSTERÊME, a Inferioridade ou Incompletude.
Perceba a similaridade deste com Grande Círculo acima dele, como uma cópia
imperfeita.
10- Temos imediatamente
dentro do Hysterême um pequeno triângulo, este é o FRUTO COMUM DO PLEROMA com a
Incompletude, é a manifestação daquela “pós-emanação” no mundo material do ESPÍRITO
PRIMORDIAL emanado de Bythus & Sige (Profundidade & Silêncio)
conjuntamente, onde o Silêncio da Profundidade parece se desdobrar dentro da
Imperfeição, comungando ou unindo assim o Acima e o Embaixo.
11- Dentro deste
pequeno círculo, abaixo do pequeno triângulo, encontramos CAOS, representado
por um pequeno quadrado, conta a cosmogonia gnóstica que ele foi emanado pela
Sophia, este é o Ektrôma (Aborto), ou a matéria primordial.
Estas representações, como dissemos, são um
esforço incomparável para se visualizar o Indizível, aquilo que está além do
que as palavras podem expressar. No pensamento gnóstico elas possibilitam uma
espécie de “êxtase racional” na consciência, que dispõe a mentalização deste
esquema para muitos fins. Manter longe superstições e lendas pseudo-poéticas da
Criação é uma função, meditar em silêncio e em profundidade sobre o
Não-manifesto é outra função deste Mapa do Pleroma, uma espécie de gnose que
pode ser repassada diagramaticamente para todos os que buscam a Sabedoria, em
todos os tempos e lugares.
Mas o Mapa representa ainda mais do que
apenas aquilo que ele revela geometricamente, e essa é mais uma função que
emana quando desenhamos ou visualizamos este Mapa do Pleroma.
Ali, oculto, paralelamente à sua
representação física se “fala” também de outras coisas. Como bem esclarece G.
R. S. Mead, que “Além do Pleroma, ou tipo
ideal de todos os universos, havia – o quê? SILÊNCIOS MAIS INEXPRIMÍVEIS QUE O SILÊNCIO E PROFUNDEZAS MAIS PROFUNDAS
QUE O PROFUNDO!”
Esta é uma intuição que está além do próprio
Ser e é a epigrafe que mostra como é vã todo conhecimento abrangido pela mente
humana, o qual uma gnose só pode enfim ser um alento, um consolo, para que o
ser humano persista em se tornar um ente pneumático, o que permite que o
Espírito retorne por caminhos misteriosos e incompreensíveis no total ao
Pleroma, de onde um dia veio.
Apesar de ser um símbolo de uma gnose para
todos os tempos e lugares, o Mapa do Pleroma ainda não passa de uma sombra, uma
figura plana calcada sobre um papel. Porém, de sua bi-dimensionalidade o
símbolo se ergue, adquiri movimento na alma e ganha vida no espírito, pois
ainda ali, as representações geométricas estão sujeitas à leis do mundo, mas
são leis que “desceram” com o Espírito.
Mente, Correspondência, Vibração,
Polaridade, Ritmo, Causa e Efeito, Gênero, estão todos dispostos nesse no Mapa
do Pleroma, por isso ainda o que não está representado surge como intuição no
que está representado. Seu “Além…”,
essa é a grandeza deste diagrama, mesmo na finitude da representação
geométrica.
Pode-se ver na representação do mapa uma
dádiva do Pai Desconhecido que “deixou” reconhecer geometricamente todas as
disposições que reconhecemos no Mapa, o grande Hórus emanado de Si cerceando
seu Silêncio, para que ele penetrasse na pequenez do manifestado, tendo assim
uma extrapolação da Eternidade incompreensível dentro desta nossa indigência
hilética
Assim o Mapa do Pleroma é um SÍMBOLO VIVO,
pois ele é um artefato de conhecimento nas mãos do ser humano Pneumático.
Meditando sobre ele apreendemos diretamente Amor, mas também muito mais, uma
Sabedoria que arrebata a mente e que faz-nos sentir como parte integrante da
Criação.
Muitos outros ensinos e muitos outros
mistérios o buscador deve aprender sobre o que gira em torno dos conhecimentos
gnósticos, e falar de um Mapa do Pleroma assim, partindo praticamente do zero,
é apenas uma forma de incendiar as mentes para procurar por essas outras
profundezas e adquirir esses outros silêncios em torno da Gnose.
Todos estes ensinos estão aí disponíveis em
livros de fácil alcance e em Escolas Iniciáticas, que todos com capacidades
intelectuais e pneumáticas podem adentrar. As portas ainda estão abertas…
Este Mapa do Pleroma exposto aqui na Textura desse Abismo chamado Consciência
é apenas uma “relíquia” que visa insuflar corações e mentes.
Um dia, quando o ser humano desenvolver um
órgão mental que possa finalmente ponderar sobre sua posição cósmica, aí então
trilharemos firmes pelas linhas deste mapa que restabelecerá e afirmará a
certeza de que por esta senda nos reconheceremos como verdadeiros Filhos de
Deus, e seremos como Ele, deuses.
“Por quanto tempo serei
indulgente convosco, por quanto tempo padecerei por vós? Vós ainda não sabeis e
sois ignorantes? Não sabeis e não entendeis que sois anjos, arcanjos, deuses e
senhores, todos governantes, todos grandes invisíveis, todos do meio, daquela
região que está à direita, todos os grandes e as emanações de Luz como toda sua
glória, que vós sois tudo, de vós mesmos e em vós mesmos, de uma massa e uma
matéria e uma substância?
Quando, portanto, o
Salvador disse essas palavras, os discípulos aproximaram-se e clamaram todos
juntos dizendo:
‘Ó Salvador, vós nos
animastes com o excessivamente grande frenesi por causa da altura transcendente
que vós revelastes para nós, e vós exaltastes nossas almas, e elas tornaram-se
caminhos, nos quais viajamos para ficar junto a vós, pois eles aparecem de vós.
Agora, portanto, por causa das alturas transcendentes que vós revelastes para
nós, nossas almas entraram em frenesi, e elas labutam imensamente, ansiando
saírem de nós para a altura da região de vosso reino’”.
(in Pistis Sofia)
“Pax, Konkx!”
“Hay Kie!”
Nenhum comentário:
Postar um comentário