Desamparo
Em grilhões
orgânicos existenciais
neste universo fechado & lacrado
Carne carma
sempre quase
desespero,
Fome
Na eterna fome
entre as estrelas
E carregar no
corpo
esse peso de matadouro
de traição &
envenenamento
A dor de tudo
que é ser,
Corpo:
Invólucro dos
medos
Prisão própria
dos sofrimentos
mergulhado no ar
& no
vácuo
de um oceano de
prováveis prazeres
& desprazeres ,
E nessa trilha
cortante
sulcada ao fio de uma
navalha cega
dos
espinhais de abandono & desprezo
Só nós mesmos
podemos permitir
emergir
como uma dor destoante
uma metástase
de alegria:
até renegar
até ranger
até arrastar
até ruir
todo encrave de
existência
até podermos nos ferir sem doer
com um pouco de
êxtase!
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