Quem há para sofrer?
Apenas um objeto poderia sofrer.
Não sou um objeto (nenhum objeto poderia ser eu), e não há nenhum eu-objeto nem-eu-sujeito, ambos os quais então seriam objetos.
Portanto eu não posso sofrer.
Mas parece existir sofrimento, e seu oposto, tanto prazer e dor. São aparência, mas são experimentadas. Por quem, por que, elas são experimentadas?
Elas são aparentemente experimentadas, e por meio de uma identificação do que eu sou com o que não sou, ou, se preferir, pelo que não somos, ilusoriamente identificada com o que somos.
O que somos não conhece dor ou prazer, o que somos não, como tal, conhece nada, pois em nenhum caso há uma entidade objetiva para sofrer experiência.
Qualquer que possa parecer ser a intensidade das sensações,
no sonho da manifestação elas são efeitos de causas em uma sequencia
temporal, e aparte da sequencia temporal na qual desenvolvem elas não
estão nem como causa nem como efeito.
Não há ninguém para sofrer. Parecemos sofrer com um resultado de nossa identificação ilusória com um objeto fenomenal.
Possamos pelo menos compreender.
O que somos é invulnerável e não poder ser limitado.
-Texto do Open Secret, de Wei Wu Wei.
19 de nov. de 2011
12 de nov. de 2011
Fala Cioran:
“Se Nietzsche, Proust,
Baudelaire ou Rimbaud sobrevivem às flutuações da moda, devem isso à gratuidade
de sua crueldade, à sua cirurgia demoníaca, à generosidade de seu fel. O que
faz durar uma obra, o que a impede de envelhecer é sua ferocidade. Afirmação gratuita?
Considere o prestigio do Evangelho, livro agressivo, livro venenoso entre
todos.”
1 de nov. de 2011
Memorandum Imagético Recente
I
“Aurora”
Áurea
Hora do Despertar
Cedo
olho afora
E
na quina do mundo
Entrevejo
a aurora...
II
“Relva”
Reles
Erva em Descanso
Do
chão cresce & no ar se perde
A
relva mansa que cerca a cerca velha
Amalha
sua planta verde
No
repouso de armada tralha...
III
“Ninhada”
Ninho
da Gata
Criaturinhas
que pela manhã vêm
Do
útero felino emergem
Para
seu destino gaiato viverem...
IV
“Minha
Sombra”
Umbra
Corporales
Minha
escuridão exterior
Projeta-se
à esmo
Assombra!
Não
reflete o interior
Ou
de mim mesmo
Sombra...
V
“Raio
de Sol”
Radiano
Radiante Ralos
Esse
que não despenca mas cai em sua trilha
Vêm
das alturas
Calor
que esquenta & luz que brilha...
VI
“Arco-Íris”
Dispersa
Luz Engendra Cores
Esse
arco de segredo
De
cores em refração
Brilha
na íris onde vejo
Toda
sua emanação...
VII
“Luar”
Luna Ver
Da
lua, teu ar
-rarefeito-
Raro
efeito olhar
-volto
ao leito-
Dormir
ao luar.
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