19 de nov. de 2011

O Pseudo-problema do “Sofrimento"

Quem há para sofrer?
Apenas um objeto poderia sofrer.
Não sou um objeto (nenhum objeto poderia ser eu), e não há nenhum eu-objeto nem-eu-sujeito, ambos os quais então seriam objetos.
Portanto eu não posso sofrer.
Mas parece existir sofrimento, e seu oposto, tanto prazer e dor. São aparência, mas são experimentadas. Por quem, por que, elas são experimentadas?
Elas são aparentemente experimentadas, e por meio de uma identificação do que eu sou com o que não sou, ou, se preferir, pelo que não somos, ilusoriamente identificada com o que somos.
O que somos não conhece dor ou prazer, o que somos não, como tal, conhece nada, pois em nenhum caso há uma entidade objetiva para sofrer experiência.
Qualquer que possa parecer ser a intensidade das sensações, no sonho da manifestação elas são efeitos de causas em uma sequencia temporal, e aparte da sequencia temporal na qual desenvolvem elas não estão nem como causa nem como efeito.
Não há ninguém para sofrer. Parecemos sofrer com um resultado de nossa identificação ilusória com um objeto fenomenal.
Possamos pelo menos compreender.
O que somos é invulnerável e não poder ser limitado.

-Texto do Open Secret, de Wei Wu Wei.

12 de nov. de 2011

Fala Cioran:

“Se Nietzsche, Proust, Baudelaire ou Rimbaud sobrevivem às flutuações da moda, devem isso à gratuidade de sua crueldade, à sua cirurgia demoníaca, à generosidade de seu fel. O que faz durar uma obra, o que a impede de envelhecer é sua ferocidade. Afirmação gratuita? Considere o prestigio do Evangelho, livro agressivo, livro venenoso entre todos.”                                              

1 de nov. de 2011

Memorandum Imagético Recente

I
“Aurora”
Áurea Hora do Despertar

Cedo olho afora
E na quina do mundo
Entrevejo a aurora...


II
“Relva”
Reles Erva em Descanso 

Do chão cresce & no ar se perde
A relva mansa que cerca a cerca velha
Amalha sua planta verde
No repouso de armada tralha...


III
“Ninhada”
Ninho da Gata





Criaturinhas que pela manhã vêm
Do útero felino emergem
Para seu destino gaiato viverem...


IV
“Minha Sombra”
Umbra Corporales





Minha escuridão exterior
Projeta-se à esmo
Assombra!
Não reflete o interior
Ou de mim mesmo
Sombra...


V
“Raio de Sol”
Radiano Radiante Ralos





Esse que não despenca mas cai em sua trilha
Vêm das alturas
Calor que esquenta & luz que brilha...


VI
“Arco-Íris”
Dispersa Luz Engendra Cores


Esse arco de segredo
De cores em refração
Brilha na íris onde vejo
Toda sua emanação...


VII
“Luar”
Luna Ver
 
 
Da lua, teu ar
-rarefeito-
Raro efeito olhar
-volto ao leito-
Dormir ao luar.

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