Quem há para sofrer?
Apenas um objeto poderia sofrer.
Não sou um objeto (nenhum objeto poderia ser eu), e não há nenhum eu-objeto nem-eu-sujeito, ambos os quais então seriam objetos.
Portanto eu não posso sofrer.
Mas parece existir sofrimento, e seu oposto, tanto prazer e dor. São aparência, mas são experimentadas. Por quem, por que, elas são experimentadas?
Elas são aparentemente experimentadas, e por meio de uma identificação do que eu sou com o que não sou, ou, se preferir, pelo que não somos, ilusoriamente identificada com o que somos.
O que somos não conhece dor ou prazer, o que somos não, como tal, conhece nada, pois em nenhum caso há uma entidade objetiva para sofrer experiência.
Qualquer que possa parecer ser a intensidade das sensações,
no sonho da manifestação elas são efeitos de causas em uma sequencia
temporal, e aparte da sequencia temporal na qual desenvolvem elas não
estão nem como causa nem como efeito.
Não há ninguém para sofrer. Parecemos sofrer com um resultado de nossa identificação ilusória com um objeto fenomenal.
Possamos pelo menos compreender.
O que somos é invulnerável e não poder ser limitado.
-Texto do Open Secret, de Wei Wu Wei.
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