I – Encontro com Tesla dentro
das brumas elétricas do tempo comum
A primeira vez que ouvi falar sobre Nikola Tesla foi em Outubro de 1989 por meio de uma revista em quadrinhos chamada “A Guerra de Luz e Trevas”, uma minissérie em 6 edições publicadas pela Editora Globo. A HQ foi escrita por Tom Veitch e desenhada por Cam Kennedy, sendo ambos seus idealizadores e criadores.
Depois de passado à sucinta apresentação às
idéias e invenções do engenheiro austro-húngaro (posteriormente iugoslavo e nos
dia de hoje croata) na HQ onde se misturava os princípios científicos de Tesla
e uma fantasiosa trama bélico-espiritualista, tive que esperar 6 anos até ter
acesso a mais informações sobre o inventor, quando pude consultar enciclopédias
na biblioteca da Universidade Federal de Uberlândia em Julho de 1995.
No meio do caminho entre meu “primeiro
contato” com Tesla na HQ e o “segundo” nas enciclopédias, um evento sincrônico
veio carregar de energia minha curiosidade sobre o inventor e avivar
definitivamente meu interesse nesse homem.
Tal fato se deu quando um dia nos idos
começo dos anos 90 do século XX liguei a TV, aparelho qual não existiria sem a
contribuição decisiva de Tesla, e vi que estava passando um episódio do
programa “Acredite se Quiser” onde
era encenada uma das passagens da vida do próprio Nikola Tesla, e pela narração
do programa era informado que o inventor era um dos homens que os poderosos do
mundo faziam questão de que o grande público não viesse a ter alguma informação
a seu respeito e principalmente sobre suas invenções.
No programa diziam que a CIA tinha sob seu
poder documentos de projetos incríveis de Tesla: raios de força mais poderosos
que o laser, incríveis máquinas voadoras, campos de força que eram terríveis
armas de guerra, etc.
Diante meus olhos, naquela transmissão de TV
foram-me então corroboradas todas as coisas incríveis que havia lido sobre
Tesla na revista em quadrinhos e não sabia ao certo o quanto deveria dar
crédito a tal e tal parte das informações divulgadas sobre Tesla na HQ. Acho
que devo ter pensado: “Então é tudo
verdade! E mais impressionante ainda!”, Tesla ganhava em minha imaginação o
vulto de super-gênio renegado pela humanidade...
No programa foi mostrado cenas da época com
Tesla (o que hoje, tantos anos depois não sei dizer se foram encenações ou
cenas verídicas) onde o cientista demonstrava seus incríveis experimentos com
eletricidade, milhões de volts passando por seu corpo ligando com raios
incríveis de uma torre de geração à outra receptora, lâmpadas e outros
aparelhos sendo postos em pleno funcionamento sem a utilização de fios, apenas
com a energia disposta na atmosfera e demais primores científicos que, como
dizia o narrador do “Acredite se Quiser”,
não se tornaram populares no meio empresarial da época (e para todo o sempre?),
que visavam sempre cobrar pelo uso da energia elétrica, o que era impossível de
se fazer com o modelo de condução disposto por Tesla.
No programa, que só tenho gravado na
memória, foi encenado como certa vez Tesla caminhava aprazivelmente em uma
praça com seus companheiros nos Estados Unidos e lhe veio de súbito a
inspiração de uma dessas máquinas incríveis, ele se jogou no chão e com a ponta
de sua bengala desenhou todo o projeto da máquina já totalmente detalhada na
terra, o qual foi imediatamente copiada para o papel por um de seus
assistentes.
E foi isso que me lembro daquele programa,
que foram de certa forma as informações mais impressionantes que tive desse
ilustre desconhecido e de toda sua genialidade. Nikola Tesla ganhara em minha
imaginação o status de o mais incrível inventor da raça humana da
contemporaneidade, e minha atenção ficou de vez sempre alerta para coletar
qualquer informação que pudesse conseguir sobre o cientista e “mago” que ele
foi.
Até que então pude consultar em 1995 as já
referidas enciclopédias na Universidade:
II – Penetrando com Tesla no
tempo mágicko do espírito humano
No decorrer de 18 anos depois dessa
apresentação à vida e à obra de Nikola Tesla fiquei sabendo de muitas outras
coisas a seu respeito, e com o acesso à internet pude saber muitas outras
coisas sobre o inventor, e como seu nome está submerso na mesma bruma
misteriosa que detectei nos primeiros dias.
Em uma ocasião e outra cruzo com referências
à Tesla nas leituras afins que me interesso, mas sempre nesses mesmos circuitos
de magia e mistério, como nos escritos de Robert Anton Wilson (RAW), que fala
sobre Tesla no seu livro “O Gatilho
Cósmico” de 1997, e publicado no Brasil só em 2004 pela Editora Madras.
No capítulo “A Conexão Sirius” do Gatilho RAW discorre a respeito do contato da
humanidade com seres de outros planetas circundantes de estrelas distantes,
entre elas, principalmente Sirius, onde ele descreve as interações entre os
seres de Sirius e os seres humanos ao longo da história.
Neste ínterim RAW introduz Tesla como “um
Xamã Secular”, o qual passou pelo processo de iniciação xamânica de
“morte-renascimento” durante sua vida, onde, como todos os xamãs, o indivíduo
passa a desenvolver suas habilidades psíquicas de visionário depois de
prolongados períodos de doença que quase os levam à morte. Isso aconteceu com
Nikola Tesla várias vezes em sua vida.
RAW credita a Tesla essa pecha de “xamã
secular” por ele ter passado por essa iniciação de quase-morte e por depois em
sua vida ter procurado usar sua genialidade no esforço de se comunicar com os
seres de outros mundos com uso da tecnologia desenvolvida por ele e disponível
em sua época. O escritor credita essa “iluminação” ou “gnose” adquirida por
Tesla em 3 eventos principais:
“1. As próprias visões, em algumas das quais
Tesla literalmente entrava em transe e
falava com entidades que somente ele via.
2.Uma série de misteriosas doenças entre
as visões. Em algumas delas, Tesla
tornou-se agudamente sensível, a ponto de
todas as percepções serem dolorosas
(as cores eram mais brilhantes, os ruídos
muito altos, etc.) Muitas vezes, Tesla
quase chegava a morte provocada por uma
aparente drenagem da energia vital
que seus médicos simplesmente não podiam
explicar.
3.
Depois da visão final, na qual Tesla ‘viu’ que tudo no universo obedece à lei
das
Oitavas, Tesla transformou-se numa espécie de
vidente secular. Ele desenvolveu
uma visão interna muito peculiar. Ele podia
literalmente ‘ver’ em detalhes
qualquer máquina por ele imaginada, até as
microscópicas medidas e dimensões,
como se ele estivesse usando ferramentas
próprias para medir uma verdadeira
máquina...”. (in “O Gatilho Cósmico”,
pp.159 e ss. Editora Madras, 2004).
Assim Nikola Tesla ganha na cultura
ocultista atual um status de super-humano, o que nos dias de hoje tal amplitude
de gênio foi creditada a homens e mulheres de caráter muito especial e com
contribuições ao “Opus” do espírito humano de grande vulto, pessoas com
faculdades únicas e impressionantes como Fernando Pessoa, Austin Osman Spare,
Gopi Krishna, Carl Gustav Jung, Jack Parsons, Philip K. Dick, pessoas que de
certa forma foram “deuses encarnados”, ou canais de comunicação desses
“deuses”, com o intuito de fazerem avançar os paradigmas da consciência humana
ao limites de seus tempos, ou até os extrapolando.
Como não podia deixar de ser, esses homens,
como Tesla, sendo mentes cósmicas amplas encravadas dentro do tempo do mundo
que conhecemos como Terra, e nesses “tempos modernos” onde se opõe
diametralmente o desenvolvimento científico do desenvolvimento espiritual, tais
gênios não poderiam deixar de misturar em suas vidas e criações as facetas
cientificas e espirituais, materiais e psicológicas, disponíveis no horizonte
de eventos de sua época, mas sempre admoestando como visionários que são, o
próximo passo dentro do tempo para a consciência humana, como desde sempre vem
o fazendo o espírito humano como em Einstein e Bohr, Mozart e Beethoven, Da Vinci
e Galileu, Voltaire, Nietzsche, Blake, Mani, Pitágoras, Parmênides, entre
outros que souberam à sua forma unir o “corpo” e a “alma” na busca interminável
pela transcendência de toda a ignorância que o mundo pode imputar.
III – As preocupações profundas
de Nikola Tesla
Depois de anos me familiarizando com
consciências como a de Nikola Tesla, colhendo aqui e ali relatos de seus
pensamentos e esforços, não é pequeno e nem medíocre as cercanias que cada
mente desse tipo lança para nós simples mortais ponderarmos em nossas vidas
cotidianas.
Então nesse ano de 2013 finalmente chegou ao
público brasileiro um livreto dos mais interessantes sobre Tesla, sua própria
autobiografia, “Minhas Invenções”,
lançado pela Editora Unesp, na tradução de Roberto Leal Ferreira.
Quando soube do lançamento do livro fui
correndo à livraria (pois nunca pude conseguir o livro “As Fantásticas Invenções de Nikola Tesla” publicado pela Madras),
e para minha surpresa a autobiografia estava lá na estante da Saraiva me esperando
em uma feliz noite de sábado de Julho.
Encontrei esse impressionante “livrinho” em
um mês especial para o Brasil, onde impressionantes envolturas de energia
psíquica e físicas foram disparadas pelo povo brasileiro nas ruas das maiorias
das cidades do país, como se clamando por novos tempos.
Vislumbres desse encontro já pareciam se
anunciar a mim, pois semanas antes eu fui preenchido do nada pela vontade de
assistir de novo o filme “O Grande
Truque” (The Prestige) de Christopher Nolan, com Hugh Jackman e Christian
Bale, onde o personagem de Tesla faz participação do enredo interpretado por
David Bowie, o qual havia lançado este mesmo ano sua nova obra “pós-Heroes”, o
CD “The Next Day”, o qual “caiu” também em minhas mãos minutos antes do livro de
Tesla na loja Hypopotamos. Esse CD foi minha trilha sonora na leitura da
autobiografia de Tesla. “Sincronias Teslanianas”, penso eu!
Mas no “Minhas Invenções”, entre os relatos inocentes e profundos de uma
mente ampla como a de Nikola Tesla, fui me aprofundando na senda de vida e
pensamento deste cientista, sempre preocupado em ponderar o lado psicológico de
sua genialidade, passagens narradas que me levaram a sentir a disposição
simples e incomum que tal mente sugere quando mergulhada nas vicissitudes da
encarnação, às vezes behaviorista, às vezes mentalista, como todo super-homem
que não prescinde em nenhum momento do paradoxo para se expressar de forma mais
precisa sobre si mesmo.
Assim Tesla vai narrando certas passagens
de sua vida. Em certo ponto ele relata como mergulhou em um estudo da Bíblia e
declara ter descoberto a chave de interpretação do Apocalipse em meio de uma de
suas crises de saúde e familiares.
Ao ler essa declaração intui que tal chave
apenas citada e não explicitada por Tesla deve ter a ver com a questão da
energia no mundo, o que me remeteu à lembrança do filme “Southland Tales – O
Fim do Mundo” de Richard Kelly, onde o Apocalipse também é tratado em uma
vertente sobre a questão da energia dentro desta nossa civilização, mas isso é
apenas um parêntese de reminiscência, sincrônica ou não, que deixo para o
leitor se aprofundar depois daqui.
Na autobiografia de Tesla o que mais me
chamou a atenção foi no capítulo final do livro onde ele demonstra suas
preocupações com o futuro da humanidade, ponderando sobre a questão da paz
mundial ligada à questão do livre acesso humano aos meios de comunicação e
transporte sobre a superfície do globo e como ligado à isso ele introduz o tema
de sua “dor cósmica”.
Ele versa sobre esses temas justamente no
capítulo que trata de sua técnica “Teleautomática”, que visa controlar robôs ou
autômatos à distância.
Ali ele expressa suas preocupações mais
profundas, como vencer a morte, por exemplo, ou como criar um autômato, o que
ele diz ter realizado, com inteligência para reagir à sensações e propriamente
pensar e responder questões quaisquer proposta.
Nessas páginas Tesla relata estranha e
vagamente como sua mente pode ter sido uma espécie de precursora da “Guerra
Fria” posterior, quando uma tal “paz” foi alcançada no mundo mediante o
equilíbrio por armas de destruição em massa onde não teria vencedores se fossem
usadas. Tesla declara que isso seria alcançado com o uso de seu “transmissor
amplificador”. Sabemos hoje que ele errou só a tecnologia que alcançaria esse
armistício mundial, em vez de armas de raios foram os mísseis termo-nucleares.
Na página 101 e seguintes ele faz
impressionantes declarações sobre a guerra e a paz no mundo, ligados à questão
da energia e da conectividade de informação no planeta:
“A guerra não pode ser evitada até que a causa
física de sua ocorrência seja suprimida, e esta, em última análise, é a vasta
extensão do planeta em que vivemos. Só com o aniquilamento da distância sob
todos os aspectos, como a transmissão de informações, o transporte de
passageiros e suprimentos e a transmissão de energia, as condições serão um dia
atingidas, garantindo a permanência de relações amigáveis. Aquilo que
precisamos hoje é um contato mais próximo e um maior entendimento entre os
indivíduos e as comunidades no mundo inteiro, e a eliminação da devoção
fanática a ideais exaltados de egoísmo e orgulho nacionais, sempre prontos a
mergulhar o mundo na barbárie e nos conflitos primitivos. Nenhum partido ou
decisão parlamentar jamais poderá impedir tal calamidade. Elas não passam de
novos meios de pôr os fracos à mercê dos fortes...
...A paz só pode vir como conseqüência
natural da educação universal e da mistura de raças, e ainda estamos longe
dessa feliz realização, porque poucos, de fato, hão de admitir a realidade –
que Deus criou o homem à Sua imagem – e por isso todos os homens da terra são
iguais. Há, na verdade, uma só raça, com diversas cores. Cristo é uma única
pessoa, mas é de toda gente, então por que algumas pessoas se creem melhores do
que as outras?” (Minhas
Invenções, pp.101 e ss. Unesp).
Discurso impressionante
precedendo os esforços de homens como John Kennedy em sua luta contra os
interesses ocultos dentro da nação Norte-Americana, à qual Tesla exalta como
nação e povo até então guardiões dos verdadeiros princípios que então ele
defendia no mundo para o avanço de um Estado Mundial de Bem-Estar para toda a
humanidade em qualquer canto do planeta, os EUA, país que devia se desvencilhar
de “alianças emaranhadas” para seguir
como cabeça de lança da humanidade rumo à civilização perfeita.
Tal vontade de potência do cientista me
pareceu arquetípica quando li, e sua experiência de fazer uma onda elétrica
percorrer todo o globo me pareceu como um ato psicológico que inaugurava
ritualmente uma Nova Era para a humanidade, uma época de avanços tecnológicos e
paz que visam levar o ser humano a finalmente expandir sua consciência para
além de todos limites históricos impostos pela política nacional e
mercantilista, assim como pelas religiões e pela “ciência oficial”, aliadas
dessas instâncias retrogradas da mente humana que com seus atos e invenções
Tesla visou superar.
IV – A Dor Cósmica e a magia de
curá-la
Ao final de sua autobiografia Nikola Tesla
nos chama a atenção para uma constatação existencial que teve, seguindo
intuitivamente as ponderações de pensadores místicos como G. I. Gurdjieff.
Levado por suas atividades mentais de
auto-observação nos momentos de doença e sofrimento, ele reconheceu que não
passava de um autômato sem nenhum livre-arbítrio, escravo das forças do meio
ambiente, que avassalavam os sentidos hipersensíveis que possuía. Ele
concordava com outros pesquisadores de sua época que a luz exercia grande poder
sobre o organismo humano.
Ele escreve que “a imensa maioria dos seres humanos nunca está consciente do que se
passa ao seu redor e dentro de si mesmos, e milhões são vitimas de doenças e
morrem precocemente exatamente por isso”. (Ibid, p.105).
Tesla declara que a causa de sentimentos
como uma “súbita tristeza” ou uma
raiva disparada por um ato banal poderiam ser descoberta na observação de que
uma nuvem eclipsou a luz do sol que nos banha. E assim a maioria das pessoas
confunde os sentimentos e experiências extra-sensórias que tem como sendo algo
espiritual, quando em tudo procede mecanismos físicos naturais ao seres
humanos, latentes em suas potencialidades mentais não percebidas ou praticadas
e que ele crê que adquiriu junto com seu desenvolvimento intelectual.
A “dor cósmica”, de que invariavelmente
padecia, lhe atingia a partir do exterior. Essas forças externas, detalhou
Tesla, jogam nossos corpos aqui e ali submisso à leis físicas e sociais ligados
à preservação da vida, isso cria entre os seres humanos um laço universal invisível
onde os organismos bailam na superfície do planeta, alguns organismos são
sadios, outros não, e dessa interação interdependente se dá na existência a
luta pela sobrevivência.
Assim só em um mundo disposto ao máximo
possível para nivelar as disparidades entre os organismos, uma sociedade munida
de abundância de energia, livre movimento e acesso à informação, se poderia
edificar uma civilização onde a paz predomina e a dor cósmica da indigência
humana geral pudesse ser sanada.
A dor cósmica se manifesta justamente no
mundo através dos seres humanos, que tolhidos de suas potencialidades máximas,
graças à biologia ou as tiranias dos homens, declinam em um mundo de sofrimento
geral, onde os mais sãos são submergidos pelos deficientes, e o cerceamento à educação
só aumenta a pulsão dessa dor no seio da humanidade.
Interpretei essa “dor cósmica” referida por
Tesla justamente como aquele “sofrimento” do existir que o Buda Sakyamuni se
refere, a dor de certa forma se ter a potência de querer tudo, mas conseguir
tão só ou menos do que o meio ambiente pode nos proporcionar. Mas Tesla parece
dar uma passo além e ver que o ser humano pode transmutar seu ambiente com o
uso da tecnologia para se alcançar certos graus de desenvolvimento que vão
mitigando a precariedade da realidade e da natureza.
Tesla relata como para entender e de certa
forma combater essa “dor cósmica” ele criou uma série de mecanismos autômatos
que para seu perfeito funcionamento era imprescindível o uso de transmissão sem
fio para controlá-los. Quando apresentou os
projetos finais dessa máquina ao governo Norte-Americano ele foi
ridicularizado.
Mas o inventor declara que tal sistema de
“inteligência artificial” estava ligado à questão da mobilidade humana sobre a
superfície do planeta e o uso de máquinas para realização de atividades
braçais, provavelmente poupando o ser humano da labuta corporal.
O que ao fim Tesla revela é que essa sua
tecnologia foi incorporada ao que hoje podemos entender como o GPS e o sistema
de mísseis teleguiados de precisão.
De certa forma Nikola Tesla pode ser visto
como uma espécie de “Oz” às avessas, “mágico e poderoso”, que veio a esse mundo
trazendo suas inovações com a dose precisa de Hocus Pocus na medida em que nós,
simples humanos, não entendemos no momento em que à primeira vista tomamos
contato.
Ele prescreveu contra a escravidão física e
moral do ser humano uma corajosa e energizante dose de liberdade contra essas
amarras.
V – Para além da dor e da
restrição
Isso, de modo claro se realiza não somente
pelo gênio ou pelo super-homem, mas pelo homem comum, em sociedade, desde que
essa sociedade disponha os meios de comunicação irrestritos e sem qualquer
censura. Há de se ter também energia em abundância, que garantam o acesso a
alimentos e sua distribuição correta e o acesso à informação, educação sem
dogmatismo e liberdade de expressão, sem essas premissas nunca estaremos rumo a
sermos livres da “dor cósmica” do automatismo biológico que nos assola
naturalmente.
Os
movimentos de protestos realizados no Brasil nesses últimos meses podem ser
expressão invariável disso. A soma do momento psicológico nacional infundido em
nosso inconsciente com o bombardeamento de informações dos últimos anos sobre a
energia disponível no pré-sal, do gás de xisto a nível internacional, a questão
das tempestades solares que pulularam na imaginação mundial sobre o evento
conhecido como “2012” ,
tudo isso pode ter ativado à nível psicológico a “primavera árabe” e a chamada
“primavera brasileira”.
É também mais fato histórico agora, do que
somente uma mera atividade inconsciente aflorando para a realidade material
cotidiana os casos de “vazamentos de informação secreta” do governo
Norte-Americano que começou com o Wikileaks e agora se desdobra no caso de
Edward Snowden onde a humanidade pode historicamente pela primeira vez
reconhecer que o “O Grande Irmão” que “zela” por nós se materializou não no
cenário da distopia comunista de “1984” ,
mas apresentou-se na forma real de 2013, pragmática, capitalista-comercial e
tecnológica, que desbancou qualquer utopia sideral a la “2001” ,
não deixando de ter passado antes pelos nebulosos eventos de 11/09/2001, a
única e destrutiva odisséia daquele ano.
Assim a humanidade vai de certa forma brutal
tomando conhecimento das propriedades do tempo que marca nossa psique atual e
as desenvolturas materiais que nossa civilização vai traçando.
No meio disso tudo creio ser imprescindível
para nosso desenvolvimento enquanto seres humanos conscientes e em evolução
prestarmos atenção ao que pensou e criou homens como Nikola Tesla. Eu pelo
menos presto atenção neles, sejam super-homens ou xamãs, sejam filósofos,
poetas ou cientistas, os quais com seus êxtases de conhecimentos vão fazendo o
avanço da consciência sobre a realidade material.
A humanidade descobriu que pode usar os
meios de comunicação livres contra o inimigo comum que o Estado infelizmente se
tornou, creio também que é função não dos meios de comunicação em si, mas das
consciências ativas que deles fazem uso buscar reverter os processos de
autocratização políticas, militares e comerciais que tomaram conta do mundo,
pois eles são justamente expressão da “dor cósmica” a que tão bem se referiu
Nikola Tesla, esses processos são justamente a humanidade falha e limitada por
baixo que tomaram forma de governo global, gerida pelos bancos centrais, as
bolsas de valores e a detenção da produção de bens e energia nas mãos de
empresas que visam tão somente o lucro financeiro e nenhum ganho humanista,
sendo tal coisa apenas um efeito colateral a se obliterar no futuro assim que
isso se torne um perigo à própria sobrevivência do Estado, como o ser
artificial e inautêntico que realmente é.
Em meus sonhos mais ousados, que não são
poucos, eu vislumbro um mundo onde um homem ou grupo de pessoas possam
finalmente realizar os sonhos de Nikola Tesla, passando por cima dessa
realidade atual das coisas construindo enfim as máquinas teleautomáticas que
garantiriam a independência da sociedade das empresas que hoje exploram a
natureza e o ser humano em nome da ordem e do progresso.
Esses homens e mulheres, é claro,
precisariam em um primeiro momento de altas somas de capital para criarem esses
aparatos que garantiriam energia barata ilimitada e acesso irrestrito à informação.
Eles seriam super-humanos, magos, não-supersticiosos, poetas e dançarinos das
estrelas, mas seriam mais humanos que as pessoas que hoje detém em suas mãos o
poder financeiro do mundo, porque eles antes de tudo entenderiam que apesar da
realidade estar aí fazendo joguetes do ser humano imputando toda sua dor
cósmica à nossas almas, nós não somos aliados da dor e do sofrimento, nossa
mente veio ao mundo justamente para saná-lo desses defeitos naturais, rumo à
evolução, assim como Nikola Tesla acreditou.
O que estaria na mente e no lema desses
novos seres (que já estão nascendo, eles estão aí nas ruas protestando) é que a
vida humana, apesar de tudo, tem valor imprescindível, e nenhum arconte do
mundo, nenhum ditador, seja ele militar ou financeiro, podem para sempre
exercer domínio sobre aquilo que por natureza também se distingue da própria
realidade de dor de um mundo imperfeito, pois a mente humana já deu por demais
provas incontestáveis de sua genialidade e perfeição, basta agora mais uma vez se
tornar real o que a imaginação humana criou.
Final
– Êxtases no tempo da imaginação
O presente ensaio que se iniciou como uma
disposição dos fatos que me levaram à proximidade e interesse com o pensamento
e invenções de Nikola Tesla se desdobrou para além das premissas puramente
culturais e intelectuais que o inventor causa em mim, ele se tornou um
exercício da própria premissa de Tesla que na imaginação se constrói em
perfeição o que depois se executa no laboratório.
Como poeta gnóstico e livre pensador eu
segui intuitivamente seu método genial, não dei ao mundo nenhuma nova máquina,
mas coisas para se pensar, coisas que creio sincronicamente deviam ser
expostas. Quem me ler e entender julgará a relevância do que expus aqui.
Assim deixo uma última citação de Tesla,
justamente o primeiro parágrafo da autobiografia de Nikola Tesla em “Minhas
Invenções”, onde o circulo de meu próprio ensaio ruma a seu fechamento:
“O
desenvolvimento progressivo do homem é vitalmente dependente da invenção. Ela é
o produto mais importante de seu cérebro criativo. Seu propósito final é o
domínio completo da mente sobre o mundo material, a subordinação das forças da
natureza às necessidades humanas. Esta é a difícil tarefa do inventor, que
geralmente é incompreendido e não recebe recompensa. Porém, ele encontra ampla
compensação no agradável exercício de suas capacidades e por saber que pertence
à classe excepcionalmente privilegiada sem a qual a raça teria perecido há
muito na dura luta contra impiedosos elementos”.
E
para concluir de vez o anel, retorno lá, ao começo de tudo quando conheci
Nikola Tesla, as palavras da primeira página da HQ “A Guerra entre Luz e
Trevas”, onde podemos ler o fruto da imaginação de Tom Veitch e Cam Kennedy:
“No princípio, ó filho dos sábios, não havia
nada * No fim, tampouco haverá * Entre esses dois extremos, tudo o que existe
não passa de um sonho, um sonho de luz e trevas * A luz é nossa fonte e
essência * Na verdade, nós somos a luz e a forma dada a ela * Entre o princípio
e o fim, entre o nada e o nada, nós somos o sonho e o sonhador de tudo que
existe * - da
Escritura da Libertação Estelar dos Menteps, Capítulo 1, Versículos 1 – 4”
Que possamos sonhar e nos inventar e
reinventarmo-nos constantemente, para melhor, e o mundo conosco.