Último Adeus

Tô precisando
te encontrar
para me despedir...
Por um
ponto final
nessas reticências...
Calar o sonho
como se extingue
a chama de uma vela...
Esquecer
que apesar de bom
nunca aconteceu...
Pode ser amanhã
ou mesmo hoje
só não pode ser agora...
Se você é minha prisão
& de você
a própria liberdade...
Onde se esconde
uma constelação
para não se ver mais...
No tempo fechado
da tristeza do adeus
véus de nuvens vens...
Tô precisando
te perder
pra me encontrar.

1º adeus

...Cansei dessa experiência
De sorver a distância entre galáxias
Entender o impossível
É para os resignados
De pés no chão
...Sono que combate a ânsia
Faz de tudo ruim
Até os teus beijos
Que vem do pântano
Traz o gosto do sol que mofou...
...Não sei ascender
Subir os degraus
& deixar os minutos pesados
Em seu devido lugar
No irreal das coisas...
...Falta tudo
Mesmo que seja uma coisa só
Falta a turbulência & a paz
Falta a claridade
& o escuro aconchego...
...É esse o puro gosto
Da estrada de volta
Que não é a mesmo da ida
Ambas juntas diminuem
A eternidade que custa
Cada minuto...
...Porque outrora coube dentro de mim
Todos meus sonhos para o futuro
& também os acessos para esses excessos
Agora esvaziando
Procuro outras órbitas em torno de mim...

Madrugana

Madrugada, apaga a noite,
Círculos concêntricos em volta de você...
Um sonho, dois sonhos...
O grande nada... Meu tudo...

Madrugada, acende o dia,
Imersa em silêncio, sede & solidão
Não há nada que limite a imaginação
A não ser o desejo...
Só nos sonhos te vejo
& toda a manhã toma a forma
do seu cheiro...

Madrugana... Ascenda às estrelas,
& as esconda em mais
um poema meu... para você!

Luz Própria

Às vezes adormece em mim
a lembrança do que criei,
mas o que criei não se esquece de mim;
Os sonhos tem
uma forma de gratidão onisciente
em tudo na vida desperta...
A concepção é o ar-tista
em forma fluida,
Cópula, luta, pleroma/rizoma,
rito, dança, feitiço
Com a musa, anjo,
esperma, plasma, pensar...
É um silêncio & um canto
um tudo & um nada,
Engendrando novidades
desde uma Chama Dupla
no fim do meu mundo,
Que viajam sempre
na Luz Serena da emanação!