28 de abr. de 2023

Paralelos

 


Veja o que você não vê
   quando olha e não me nota
Um corpo a mais
   que vibra & escoa
      pelo tempo junto em separado de você

Meus pés de barro seco
   da lama das estrelas
      escorrida em dilúvios universais
Me arrastam por aí
   pelos caminhos pantanosos
      do colapso de onda de cada átomo

Carregando meu sexo de urânio
   & meus olhos de buraco negro gêmeos
Que engole brilho & cores & o calor da fricção
   & transformam tudo em luz escura
Para devolver ao mundo urdido
   pelos arcontes cegos
      como eu, como você

Eu vou
   no romper dos átomos
      decantando em amor quântico
Que salta & retorna
   ao campo oculto onde tudo vibra & cessa
Em uma escolha só
   entre milhões possíveis

& penso que penso
Não! Quase tenho a certeza
   se não fosse impossível
      dentre todas as coisas possíveis
Que mais que sonho, realizo
    talvez, sem motivo algum
Entre todas as coisas sem sentido
   para mim vale a pena sonhar

Quem sabe nossos sonhos
   não sejam memórias de outras vidas
      em mundos paralelos
& paralelo à isso
   nossos desejos profundos
      sejam mundos ainda a se visitar
& ontem, no tempo louco
    eu visitei um outro mundo
       uma outra vida, um outro sonho
         aqui mesmo, no espaço de um beijo



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