Ah...! Eu não sei
qual manha me levanta da cama
essa força que me joga no vertigo
e me exila do rastro das estrelas
Lançado frio no arrepio
do meio da manhã que já esse dia
-terrível macio clarão de luz severa-
Ah...! Sim!
Os gatos já dormem, ou não!
As aves já pastam no chão
Os cães enxugam o sereno que caiu-lhes
E os homens... uns cansados, outros exaustos de sono
vão encontrar seu dia inteiro
de labores & sabores... insignificantes no final das contas
Mas antes, no momento primeiro
A tristeza me abre os olhos
E a luz me acorda e concordo
que devo erguer-me - por enquanto-
reticências... é isso que é só o dia -
por enquanto...
E pela janela suja de poeira e poesia
Encaro o horizonte de casas e telhados em folia
entretanto... à 150 milhões de quilômetros
logo ali, naquelas árvores e prédios do bairro vizinho
A essência numinosa da manhã
se erguendo e argüindo de calor
o novo eterno dia que dura das seis às dezoito
leste – oeste...
Sim! Sim! Oh...! Sim! Meus olhos sabem e gritam
que meu corpo aceita & comunga esse alimento
de visão e química secretado na garganta
junto ao cuspe da noite que engulo com a luz
e a memória desse momento recorrente
Um brinde à ária do amanhecer
nas costas de meu olhar e dos telhados e copas de árvores
Oh...! Sono perdido, alegria encontrada...
Então cedo! Cedi! A sede do dia
Até mais meus sonhos inlúcidos!
Morpheus & Maria Callas, deixo-os, até mais...
E todas as ocupações da minguarana particular
Essa manhã exige vigilância
ao ritmo fluido de San-Ho-Zay
Suspenso o abandono do descanso
do ensaio da morte mitigar
-que teu julgo sobre mim seja sempre:
Despertar!
E quando...
a manhã acaba...
eu não sei!
Só sei que temos sempre... sempre...
mais...
Como ar... luz... noite... manhas...
estrelas e sonhar...
Somos sonhos...