Para se amar como um deus
tem que se perder a noção do Amor.
Só como Loucura o Amor se torna
Infinito.
Intoxicado pelo excesso de Noite
agora na fuga alucino
vendo cupins & formigueiros
decorando toda a paisagem,
E me permito cogitar um sonho lúcido inútil
onde matagais baixos
crescem nos campos lunares...
...Reflexos áridos & dissonantes de Noite...
Dos campos claustrofóbicos de euforia triste
Com sua safra abundante de corrupção divina
...
Baco me guia pela cidade noturna
Acordado noite adentro,
Baco me leva ao lado escuro da Lua
Despertando noite adentro,
Tentando desvendar nossos Mistérios...
E quando a noite clarear em dia
dormiremos em um leito móvel;
Rodando antes no esteio rastro da Lua na noite de Goiás,
Onde se clareará para mim & para a Ninfa de negro
toda a sua volúpia...
Belos deuses encarnados
brincam de carne jovem,
Penetram sua divindade
no cadáver da luz da Lua;
Belas & deliciosas feridas abertas
como um rasgo de faca cega em negra seda;
Estuprando a madrugada...
E até a noite clarear em dia
que já então não será possível nem para o Sol
engolir toda nossa Vontade,
Porque para ele será impossível
iluminar toda essa volúpia...
Baco me guia à Noite
Tudo me é mostrado & negado
E agora o brilho desse Sol
me parece mesmo pequeno,
Ele é um brilho menor
dentro de toda essa intoxicante & sedutora
tenho que perder o que não é meu:
Alma!
Só no vazio deixado por ela
se pode instalar esse Amor;
Esse é o preço de se ter o Amor do Infinito,
& eu não quero mais pagar!
Dos deuses não quero o Amor.
Para mim eles são só uma lição:
que os deuses também sofrem!
Igual à mim...