Pois em teus braços repousa
o fruto do seu amor
Aquilo que de mais belo já viu.
Dorme a Noite, pois a alma da mulher é masculina
& a alma do homem é fêmea...
Princesa
Agora que os elefantes que não dormem descansam
Tu procuras lavar em lágrimas de abandono e saudade
A dor que só um nono caminho pode sanar,
Nem dor, nem doença, nem fome & nem morte
Podem dar a sabedoria de aceitar,
Só o prisma do desistir feminino abrange toda ventania.
Yoshodara!
Agora
o Príncipe geme & sofre
por ti & pelo teu filho também,
Agora
as portas da existência são abertas
para uma luz que iluminará o abandono também,
E nos séculos adiante
falarão do teu Príncipe
& tu Yoshodara será aquele detalhe
que explicará toda a história...
Pois tu Yoshodara
És o campo de batalha & o jardim
Tu és o ventre & a fogueira
a cova & a alcova,
A resposta: Yoshodara!
Tu a sabes no silente silêncio das noites
em que os Budas partem do refúgio
para o súbito fugido da Iluminação...
Oh! Tu! Yoshodara!
Que era fuga & da fuga que o fatigado fugiu,
A chave do cansaço
& das certezas que existem para se negar
Porque para os que partem
é preciso ter algo para se deixar
É preciso pelas dobras de tua estrada passar...
Assim, no quando o Samsara for terminar
Arrobaremos cheios de perdas corretas
ao Nirvana dos encontros que são nada,
Pois aquele ao que muito renuncia
É aquele que muito encontrará
Oh! Nada! ...!
Oh! Yoshodara!
Reflete na beatitude e nos ensina
Se é melhor satisfazer mil desejos
ou conquistar apenas um...
Assim não maldizemos o amor
Nem deixamos de abençoar todo prazer
Pois há esse caminho:
Yoshodara!
Caminho que só se abandona
se em sono profundo queda a senda
Para que não se ouçam os apelos
Da ilusão que o corpo faz
entre um amor menor
& aquele Verdadeiro Amor
que nós só conhecemos pela Dor.
-poema inspirado no filme "Samsara" de Pan Nalin
Nenhum comentário:
Postar um comentário