21 de fev. de 2015

O Véu da Lua Matutina

Lua matutina,
   por entre a cortina de nuvens vaporosas
      derrama opaca em atmosférica cascata
         uma difusão em azul & prata...
Não há, em toda essa visão,
   nenhuma intermediação banal...
(muito menos qualquer qualificação virtual)
Acampados na esquina
Cães dolorosos,
   todos dilacerados pelo abandono
      pela fome & pelo cio
Miram seus olhos mendicantes a fio
   para a lua diuturna
& por dentro latem
   adornando uma antiga selvageria...
(que não os fará cães da mata de novo)
E nas vésperas irritantes
   dos dias de folia dos imbecis
Avançam como ondas
   nas praias da euforia das hienas
      os hits que se calam
Sobre o som da fúria das tragédias que virão
   chuvas de verão da lua involutiva...
(banhos ao luar que lá não estará)
Virá o verão
& então verão & ouvirão
O que vem, o que anda, o que erra
Ouviremos..., ou ver iremos,
   a tristeza que dança & canta
Toda essa inconseqüência
   na freqüência da lua que se esconde
      em plena luz do dia...
(como se o próprio dia fosse o véu de nossas vergonhas)

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