Só algo que nunca aconteceu com você pode vir influir nos ciclos
repetitivos de sua vida e fazer com que você redefina seus conceitos. Caso
contrário a existência é um eterno retornar aos mesmos pontos, os mesmos
problemas, as mesmas situações...
O fluxo de novidade em nossas vidas depende em tamanho e qualidade do
vazio que vamos abrindo para ela penetrar, como dizem, “a natureza detesta o vazio”, e por isto está sempre a preenchê-lo,
de tal forma, a novidade que nos acontece é sempre a entrada de energia nova em
nosso ser, é a renovação da Vida.
Objetivamente, podemos afirmar que vivemos um momento novo a cada dia,
mas isso evidentemente é uma falácia, pois tudo é circular e estamos repetindo
círculos dentro de círculos, minutos, horas, dias, estações, anos... com seus
eternos retornos!
Psicologicamente, ou espiritualmente, vamos circulando também, sempre
retornando aos mesmos pontos existenciais, para resolvermos nossa “questão
fundamental” nesta existência, e assim vamos aprendendo, evoluindo ou
involuindo, diante a dialética mundo-eu, no qual extraímos nossas experiências
e vamos sintetizando nossas opiniões, definições, ações, rumo ao ponto final da
morte.
É nesses ciclos que adentra a Novidade, para nos fazer acelerar, pois
para se escapar da morte, da paralisia, do retrocesso, a mente busca a
velocidade da luz, não há iluminação além disso, alcançar a velocidade máxima
das coisas dentro desse universo relativo, e para isso temos que nos tornarmos
luz.
As pessoas usam a metáfora da escada para designar os graus de evolução
diferentes de cada um, mas a metáfora da Luz é a mais certa, habitamos nesse
mundo, lado a lado, com pessoas em graus diferentes de velocidade, mais lentas
ou mais rápidas, rumo ao estágio de luz, de iluminação.
Isso explica os interesses intelectuais, os posicionamentos cotidianos,
as afinidades, os relacionamentos, as experiências... E é tudo um conjunto dinâmico,
sincronístico, cibernético, na engenharia da iluminação.
Estamos dispostos no tempo/espaço, acontecemos paralelamente à outros
acontecimentos, a novidade circula energia escura, sustendo energias e caminhos
escondidos para vagarmos, assim que nos energizamos.
Nos chocamos, desviamos, fundimo-nos e diferenciamos de outras pessoas,
através das novidades que acontecem dentro dos ciclos de eterno retorno, e
vamos nos acelerando ou refreando conforme essas coisas influenciam-nos e
decidimos nos deixar influenciar.
A base fundamental de tudo é o Não-ser, o Nada, isso quer dizer que nós
derivamos de uma extrema gratuidade, não há “por que” existirmos, nada tem
sentido no fundamento, é tudo imponderável, irreal, irracional.
Então, cada um de nós vai dando seu próprio sentido à existência,
preenchendo o vazio de definições que nos funda. Muitas vezes pegamos os
sentidos alheios e os trazemos para nossa vida, Buda, Jesus, Maomé, John
Lennon, Kennedy, nossos pais, os amigos e amantes, o mendigo da sua rua, etc.,
todos eles, assim como cada um de nós vamos disparando sentidos, através dos
encontros que temos, com nossos pensamentos e palavras, com nossas experiências
de vida, e isso é agregado ou refutado por cada um no conjunto de sua própria
busca.
Cada um vai se construindo, formulando e reformulando, através de nossos
encontros casuais e nossa busca dirigida, e as novidades advém...
As novidades são acontecimentos (situações, pessoas, coisas) que
irrompem em nosso caminho, repentinamente, sem porque, são “aparições” que se
dão como saltos quânticos, levando-nos a fazer nossos saltos também.
A melhor definição de novidade é justamente essa metáfora quântica, pois
o novo, o extremamente novo não provem de nenhuma relação de causa/efeito nas
situações habituais de nossa vida cotidiana imersa no eterno retorno.
A novidade é “acausal”!
Você geralmente verá uma novidade surgir em sua vida de surpresa, sem
ter porque, e será acometido por uma sensação de graça ou desgraça, de sorte ou
azar, mas sempre verá felicidade no final, é aquele reconhecimento nos casos
ruins, de que “há males que vem para o bem”, isso porque nos fundo, a novidade
é extrema neutralidade, é como a energia nuclear que submetido à mais energia
você pode fazer tornar barro pra moldar vasos para flores ou titânio para a
couraça de seu coração, você escolhe.
Mas a novidade já o terá feito acelerar...
Grandes novidades em minha vida foram a primeira vez que toquei um corpo
de mulher, a primeira vez que me beijaram, quando conheci meu primeiro amor, quando
li livros interessantes, quando me extasiei pela primeira vez com a Nona
Sinfonia, quando passei no vestibular, quando fugi de casa, quando comecei a
treinar boxe, quando bebi ayahuasca, quando
fui ao CCA, quando conheci meus melhores amigos, etc.
A maior das novidades que, entretanto, conheci e que veio redefinir a
maioria dos grandes sentimentos que zelava, foi o nascimento de meu primeiro
sobrinho...
Naquele momento encontrei um tipo mais veloz de felicidade, de amor, de
união, de vida...
Hoje sei, levando em conta às novidade que prestei atenção, e também aos
círculos recorrentes em minha existência, que o objetivo de uma vida particular
não é ser arrastada por carmas e desilusões, é ganhar velocidade, ser leve, não
se prender à nada que lhe faça mais lento ou pesado...
A partir disso, começo a rir daquilo que definia e outros definem como
Amor, Deus, Paz, Sabedoria, Felicidade, Vida... Quanto peso, quanta vontade de
sofrer e ser submisso, quanto medo de ser maior, de se expandir, ampliar... Mas
sei também que cada um só pode viajar à sua própria velocidade, podemos no
máximo dar a dica para se acelerarem, nunca dar as mãos tentando puxá-las, por
que senão elas nos arrastarão para sua própria velocidade, a entropia explica
isso, se não saltarmos, decairemos no marasmo do sistema onde estamos
circulando, então, não tema saltar...
Li em “A Insustentável Leveza do
Ser” que “o que fazemos uma vez é
nunca”, e depois li em “Sandman”,
que “aguentamos um não três vezes”,
nada mais além disso. Porém hoje sei que quem está ciente de sua existência,
pode reconhecer facilmente aquilo que sempre se repetirá, e não deixar que isso
comprometa sua vida, desacelerando sua busca.
Por isso surge a questão da Coragem. Devemos romper o mais cedo possível
com situações que não irão agregar velocidade, devemos romper até com os
carmas, não precisamos decair neles, apenas nos conscientizarmos dele.
E lembre-se sempre, você pode ser a novidade na vida de alguém, e não
alguém na sua, por isso, passe por ali, deixe seu melhor e siga em frente, cada
um que use o material que ficou desse encontro dentro das possibilidades que
tem.
Você, e não o outro, pode ser a novidade que acontece por ai, faça o seu
melhor, seja excelente, seja luz, e siga na sua própria velocidade, sempre acelerando...
em constante salto!
Preste atenção ao fluxo da vida, o que destoa da repetição pode ser a
Novidade emergindo, atente às sincronias, aprenda a ler a escrita do mundo,
vise sempre aprender cada vez mais, sobre tudo, reconheça seu valor, sem desprezar
os outros, mas saiba... depois de certo ponto, o de não retorno, você
acelerará, e será luz, se iluminará gradualmente, ou de uma vez, e nada vai
poder te deter, nada!
Não se prenda arrastando ninguém, isso diminuirá sua velocidade e luz,
certa insensibilidade será necessária, mas deixe seu rastro de luz para que te
sigam, isso é o Amor além do bem e do mal!