28 de abr. de 2017

Sobre Círculos, Novidade, Luz: rumo ao Salto...

   Só algo que nunca aconteceu com você pode vir influir nos ciclos repetitivos de sua vida e fazer com que você redefina seus conceitos. Caso contrário a existência é um eterno retornar aos mesmos pontos, os mesmos problemas, as mesmas situações...
   O fluxo de novidade em nossas vidas depende em tamanho e qualidade do vazio que vamos abrindo para ela penetrar, como dizem, “a natureza detesta o vazio”, e por isto está sempre a preenchê-lo, de tal forma, a novidade que nos acontece é sempre a entrada de energia nova em nosso ser, é a renovação da Vida.

   Objetivamente, podemos afirmar que vivemos um momento novo a cada dia, mas isso evidentemente é uma falácia, pois tudo é circular e estamos repetindo círculos dentro de círculos, minutos, horas, dias, estações, anos... com seus eternos retornos!
    Psicologicamente, ou espiritualmente, vamos circulando também, sempre retornando aos mesmos pontos existenciais, para resolvermos nossa “questão fundamental” nesta existência, e assim vamos aprendendo, evoluindo ou involuindo, diante a dialética mundo-eu, no qual extraímos nossas experiências e vamos sintetizando nossas opiniões, definições, ações, rumo ao ponto final da morte.

    É nesses ciclos que adentra a Novidade, para nos fazer acelerar, pois para se escapar da morte, da paralisia, do retrocesso, a mente busca a velocidade da luz, não há iluminação além disso, alcançar a velocidade máxima das coisas dentro desse universo relativo, e para isso temos que nos tornarmos luz.
    As pessoas usam a metáfora da escada para designar os graus de evolução diferentes de cada um, mas a metáfora da Luz é a mais certa, habitamos nesse mundo, lado a lado, com pessoas em graus diferentes de velocidade, mais lentas ou mais rápidas, rumo ao estágio de luz, de iluminação.

   Isso explica os interesses intelectuais, os posicionamentos cotidianos, as afinidades, os relacionamentos, as experiências... E é tudo um conjunto dinâmico, sincronístico, cibernético, na engenharia da iluminação.
   Estamos dispostos no tempo/espaço, acontecemos paralelamente à outros acontecimentos, a novidade circula energia escura, sustendo energias e caminhos escondidos para vagarmos, assim que nos energizamos.
   Nos chocamos, desviamos, fundimo-nos e diferenciamos de outras pessoas, através das novidades que acontecem dentro dos ciclos de eterno retorno, e vamos nos acelerando ou refreando conforme essas coisas influenciam-nos e decidimos nos deixar influenciar.

   A base fundamental de tudo é o Não-ser, o Nada, isso quer dizer que nós derivamos de uma extrema gratuidade, não há “por que” existirmos, nada tem sentido no fundamento, é tudo imponderável, irreal, irracional.
    Então, cada um de nós vai dando seu próprio sentido à existência, preenchendo o vazio de definições que nos funda. Muitas vezes pegamos os sentidos alheios e os trazemos para nossa vida, Buda, Jesus, Maomé, John Lennon, Kennedy, nossos pais, os amigos e amantes, o mendigo da sua rua, etc., todos eles, assim como cada um de nós vamos disparando sentidos, através dos encontros que temos, com nossos pensamentos e palavras, com nossas experiências de vida, e isso é agregado ou refutado por cada um no conjunto de sua própria busca.
   
   Cada um vai se construindo, formulando e reformulando, através de nossos encontros casuais e nossa busca dirigida, e as novidades advém...
    As novidades são acontecimentos (situações, pessoas, coisas) que irrompem em nosso caminho, repentinamente, sem porque, são “aparições” que se dão como saltos quânticos, levando-nos a fazer nossos saltos também.
   A melhor definição de novidade é justamente essa metáfora quântica, pois o novo, o extremamente novo não provem de nenhuma relação de causa/efeito nas situações habituais de nossa vida cotidiana imersa no eterno retorno.

    A novidade é “acausal”!
    Você geralmente verá uma novidade surgir em sua vida de surpresa, sem ter porque, e será acometido por uma sensação de graça ou desgraça, de sorte ou azar, mas sempre verá felicidade no final, é aquele reconhecimento nos casos ruins, de que “há males que vem para o bem”, isso porque nos fundo, a novidade é extrema neutralidade, é como a energia nuclear que submetido à mais energia você pode fazer tornar barro pra moldar vasos para flores ou titânio para a couraça de seu coração, você escolhe.
    Mas a novidade já o terá feito acelerar...

    Grandes novidades em minha vida foram a primeira vez que toquei um corpo de mulher, a primeira vez que me beijaram, quando conheci meu primeiro amor, quando li livros interessantes, quando me extasiei pela primeira vez com a Nona Sinfonia, quando passei no vestibular, quando fugi de casa, quando comecei a treinar boxe,  quando bebi ayahuasca, quando fui ao CCA, quando conheci meus melhores amigos, etc.
   A maior das novidades que, entretanto, conheci e que veio redefinir a maioria dos grandes sentimentos que zelava, foi o nascimento de meu primeiro sobrinho...
    Naquele momento encontrei um tipo mais veloz de felicidade, de amor, de união, de vida...

   Hoje sei, levando em conta às novidade que prestei atenção, e também aos círculos recorrentes em minha existência, que o objetivo de uma vida particular não é ser arrastada por carmas e desilusões, é ganhar velocidade, ser leve, não se prender à nada que lhe faça mais lento ou pesado...
    A partir disso, começo a rir daquilo que definia e outros definem como Amor, Deus, Paz, Sabedoria, Felicidade, Vida... Quanto peso, quanta vontade de sofrer e ser submisso, quanto medo de ser maior, de se expandir, ampliar... Mas sei também que cada um só pode viajar à sua própria velocidade, podemos no máximo dar a dica para se acelerarem, nunca dar as mãos tentando puxá-las, por que senão elas nos arrastarão para sua própria velocidade, a entropia explica isso, se não saltarmos, decairemos no marasmo do sistema onde estamos circulando, então, não tema saltar...
  
    Li em “A Insustentável Leveza do Ser” que “o que fazemos uma vez é nunca”, e depois li em “Sandman”, que “aguentamos um não três vezes”, nada mais além disso. Porém hoje sei que quem está ciente de sua existência, pode reconhecer facilmente aquilo que sempre se repetirá, e não deixar que isso comprometa sua vida, desacelerando sua busca.
    Por isso surge a questão da Coragem. Devemos romper o mais cedo possível com situações que não irão agregar velocidade, devemos romper até com os carmas, não precisamos decair neles, apenas nos conscientizarmos dele.
   E lembre-se sempre, você pode ser a novidade na vida de alguém, e não alguém na sua, por isso, passe por ali, deixe seu melhor e siga em frente, cada um que use o material que ficou desse encontro dentro das possibilidades que tem.
    Você, e não o outro, pode ser a novidade que acontece por ai, faça o seu melhor, seja excelente, seja luz, e siga na sua própria velocidade, sempre acelerando... em constante salto!

   Preste atenção ao fluxo da vida, o que destoa da repetição pode ser a Novidade emergindo, atente às sincronias, aprenda a ler a escrita do mundo, vise sempre aprender cada vez mais, sobre tudo, reconheça seu valor, sem desprezar os outros, mas saiba... depois de certo ponto, o de não retorno, você acelerará, e será luz, se iluminará gradualmente, ou de uma vez, e nada vai poder te deter, nada!

    Não se prenda arrastando ninguém, isso diminuirá sua velocidade e luz, certa insensibilidade será necessária, mas deixe seu rastro de luz para que te sigam, isso é o Amor além do bem e do mal!


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