28 de out. de 2020

Enquanto a Noite engolia a Tempestade

...a tempestade veio de tarde
& quando acabou era noite...

Despedimos o dia
em nome da tormenta
& gestamos no útero do furacão
o desnorteamento da luz
para recebê-la na escuridão...

& ela, como boa loba,
nos deu o calor de suas tetas
junto ao labor carnívoro
do deguste que exije
fogo & sal
para o prazer da consumação...

Nos perdemos um no outro
quando o sol se pôs mais cedo
& lavamos na água torrencial
nossas cicatrizes internas
que mais coçavam de prazer
do que doíam...

Noite, mãe de tudo
onde a tempestade órfã
foi penetrar,
Noite, mãe de todos
aceita & recolhe o caos de quem
em nome do caos vem fornicar...

Ronda a tempestade
os fulcros calmos da escureza,
trilha em desassossego
rumo às colisões macho & fêmea
que se ferem & permutam
em vendavais & floresceres...



Nenhum comentário: