6 de jan. de 2022

Vento Inverso

 

Quando me sinto cansado
   & os sonhos se distanciam
      com o peso do vento lento da prostação,
Quando me ressinto assim
   com não poder estar de imediato
      na euforia de todo o tesão,
Revogo a imaginação,
   devoro tudo que é feito de espaço & tempo
      & esqueço da benção que é esquecer.

Poderia dizer que em nossa totalidade
   somos mesmos inexplicáveis,
Assim como não defino
   o desejo que me acomete na exaustão;
Acho que por demais
   pensar na simplicidade
A complexidade ilusória de tudo
   vem como contra-maré ao meu nada.

Mas o mundo & as coisas
   que chamam de coisas continuam lá;
Queria, antes, as encontrar
   para poder destruí-las,
Porém de tanto me extasiar
   com as paisagens imperfeitas & destruídas de meus sonhos,
Não concedo à esse mundo
   a mínima chance de me agradar.

Aqui, por entre a gravidade,
   a seriedade & a morte,
Há pouca coisa que me prende
   na carne & no medo, mas também no querer;
Meio século passou,
    passaram-se milhares de aeons,
& ainda pondero
   na carne, no espírito,
Por que queremos o que não temos
    se não temos o que outros querem...?
                                            nem nós mesmos
                                                 nem nós mesmos!



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