Dis...

 

...dissolve o mundo
   ao poder de meras palavras
       no vento volvido por um piscar de olhos...
& eu me vou... tomar distância
   daquilo que amo
      desse centro de prazer
           de carne & osso & alma...
...exílio...abandono...aborto...
   & agora o nada
      que surge por entre os dedos
           entre as bocas, o olhar
Sem você, por um ato de sanidade
   o amor se torna suspensão
      o afeto dedicado, imensa solidão
...de volta à dissolução...
...dissolve   mundo
   ao poder de         palavras
       no        volvido por um piscar de olhos...
& eu me vou...          distância
   daquilo       amo
      desse centro de
           de carne &            & alma...
...              ...abandono...aborto...
   &           o nada
      que surge por           dedos
           entre       bocas, o olhar
Sem você,             ato de sanidade
   o amor                 suspensão
      o              dedicado, imensa solidão
...de volta à dissolução...
...                     mund
   ao pode                       avras
       no                                piscar de olhos...
& eu me                         tância
                                amo
      dess                             azer
           de                            alma...
...exílio...abandono...aborto...
   &               a   na
               urge  
           entre        ocas, o
Sem você,                        isanidade
   o amor        orna
        afeto                           dão
...de volta à dissolução...
...

Armaghedom

 

Nesses tempos
   anti-dias, pós-noites...
Nos sentimos no fim
    no fim de tudo
A cada passo
   acaba o mundo
      acaba o tempo
Termina eu & você
   em um final feliz
      onde só sobraram escombros.

Anjos exilados retornam
   ao seio das mulheres
& crianças abandonadas se aninham
   no ombro dos homens
Cantam baixo por entre lágrimas & sorrisos
   cantigas de despedida
Os inocentes & os que muito erram
   sabem para onde tudo há de voltar
       seu/meu/nosso fim, sem começar...

Nessa época
   pós-dia, anti-noite...
Uma guerra em cada esquina
   um esquema pra infelicidade em cada coracão
Nos abraçamos
   no meio do furacão
      no meio da perdição, lá no fundo
Termina você & eu
   em um final inconcluso
      para ter sequência depois do fim do mundo.

Entre Nada

 

A vida é preencher espaços vazios
   com coisas meio vazias
Entre um ato & outro
   abismos cheios de nada
Saltamos de morte em morte
   com um grão de vida
& semeamos esperanças
   que crescem contra a gravidade

A vida prospera
   em direção ao seu fim
& dentro de todo caos
   pensamos achar sentido
Caímos na tentação
   de encontrar felicidade onde tudo é dor
Ignorando que a dor
    é um sinal de dificuldade

Cultivando o buraco aberto no peito
   parte de carência, parte de saudade, parte encontro
Nossa ferida que não cicatriza
   sangra nossas ilusões bem cuidadas
Nos tornamos mais vazios
   enquanto achamos estar aprendendo
Seguimos em frente ou para trás
   somos essas coisas meio vazias no centro de nada

& finalmente
   um sonho ruim nos acorda
& eternamente
   imaginamos um sonho melhor
Não falhamos
   nem conseguimos
Somente nos encaixamos
   nada dentro de nada, é assim que somos

Para o amor
   não conhecemos o nada do esquecimento
Do amor
   preencher o nada com vazio
Ao amor
   só brincadeira, passatempo
Até ser
   nada também...

Neither-Neither

 

Nem tudo é de todo bom
Nem tudo é de todo mau

Entre você & eu
   andamos no limite disso
      quase amor, quase nada...
Além do bom & do ruim
   vagamos antes ou depois
      do que é & não devia ter sido...

Nem todo bem é bom
Nem todo mal é ruim

Entre eu & você
   sentimos sem sentir
      uma coisa imensa, sem nome ainda...
Aquém do que deve ser
   escapamos sem desculpas
      do bem & do mal que fazemos um para o outro...

No além encontramos o antes
No antes perdemos o além

 

Acabamento

 

Banquete do fim do mundo
   bebo nesse cálice de carne
      que é seu corpo,
Entorno tua alma
   sobre mim...

Lá fora tudo desaba
   & quase não sobra nada
      pra gente destruir,
Derramamos nossa fúria
   de estarmos juntos nos escombros...

Da beleza à vulgaridade
   do conforto ao escândalo
      vamos de mãos dadas,
Somos só o fim
   um do outro...

Fogo Branco

 

É manhã fria
   & me ponho nu
      para sentir na pele
         o fino corte desta distância
Me abraça o frio
   & quase gozo ao inverso com o toque
      do vazio em volta
         gelado como sua ausência

Sonhei com você
   vestida de azul, da cor do gelo
      havia fogo líquido da sua pele clara
         derramando, me queimando
Havia fogo branco
   de lembranças escuras
      que eu peguei na mão & bebi em um beijo
         & me queimei por dentro

Ao acordar, logo ali, depois do vidro
   emana toques de chuva na janela
      & desce da aurora
         cantigas geladas para tudo petrificar
Sou tomado pela ideia
   que resta entre o calor do meu corpo
      & a situação do clima
         é tudo o que fica, quando se tem & não tem... alguém!

 

Cura

 

Cada um
   em seu sonho
      dentro do sonho da vida...
Repetindo para si
   crenças que não despertam,
Só entorpecem
   & adormecem mais....

As multidões sonâmbulas pelas ruas
   no trabalho, shoppings, hospitais
      zonas, redes sociais, na agrura...
Acreditando na fantasia
   que cada um pode comprar,
      aquilo que acreditam merecer possuir...

Mas... A benção da loucura...
Talvez isso nos abale...
Só podemos despertar um ao outro,
   só podemos ajudar à acordar
      quando reconhecemos um pesadelo...
Quando os sonhos que nos prendem
   se tornam insuportáveis...

Cada um em seu sono
   agarra-se ao sonho
      repetindo a cantiga de ninar...
Então quando a vida não se repete
   & algo novo entra em forma de cura, de cuidado
O que parece um pesadelo começa,
   mas é só o que vai nos fazer
      despertar!