24 de jan. de 2023

Murmúrios

 

Eis quando tudo que só resta são palavras despidas de atos...
      ...despi de atos...
   Eu custo entender a noite que condena tudo ao esquecimento...
      ...esse desaquecimento...
   Eu custo me por no lugar que devia estar o desespero...
       ...eu espero...
   Tenho delírios de retornos eternos do que nunca vi, nunca fui, nunca tive...
      ...reentorno nu...
   Tenho desvios de euforia decaindo nos braços de quem me desanimou...
      ...desvi... desamo...
   Campos-corpos que acolhi no meu peito como se fosse a jóia mais rara do buraco negro...
      ...estrela congelada...
   Eu recuo na velocidade do congelamento do coração que para de bater por outro & simplesmente perco-me...
      ...calo-me...
   & ouço o coro do céu que cai rasgando a garganta para gritar a canção do recomeço do zero...
      ...oro... ouro... erro...
   Acho que isso tudo não irá remendar um homem rasgado...
      ...raso ...fino... ferido...
   Nem palavras nem atos nem a noite nem o esquecimento nem o desespero nem os delírios...
      ...lírios ...corpos-campos...
   Porque depois de tudo, ainda há beleza no campo selvagem do corpo que sobreviveu...
      ...terra vasta ...peito de vasta rasa cova...
   É na solidão que tudo morre & tudo recomeça...
      ...pela metade ... pelo necessário...
   É sozinho que tudo acaba, a vida, o eco, a dor, a vontade, o amor...
   & volta... & volto...


 

Nenhum comentário: