Cada um por aí, se aprofundando nas dobras da própria vida, dobra sobre dobra, escondendo o escondido comum à todos.
Cada um vivendo no seu mistério, sua própria vida, se redobrando sendo um só.
Cada um se dobrando sobre si, articulando, envolvendo, rasgando.
O imaterial da existência rumo à algo concreto, que o receberá como túmulo, finalizando o pouco que é, uma parte de tudo.
Cada um no seu segredo, no seu desvelar, cada um vivendo no ponto da realidade só seu.
Abre a porta pra outro entrar, por um tempo; fecha a porta pra de todos se distanciar, para sempre.
Cada um se centralizando na periferia de todos os outros.
Tão pertos, tão nus, tão distantes, tão cobertos.
Tão iguais & muito diferentes.
Cada um indo pra seu próprio lugar nenhum.
Perdidos de tanto se encontrar, colidindo, destruindo na ilusão de se estar fazendo.
Pontes sobre pontes, cruzamentos, encruzilhadas no nada.
Cada um assim, desde o Universo até eu & você.
Amontoados & nunca próximos, separados pela junta, a fratura de vidas comuns incomunicáveis.
Querendo apenas o que não tem, o que não é, o complemento que não há, o outro.
Cada um assim, eu, ele, eles, dobrados sobre si, lotados de vazios, pesados de tanta leveza, afundando na vida, transitando por aí, vivendo o próprio fim & enquanto não acontece, se confundindo sem nunca se misturar.
Cada um na imensa solidão da companhia dos outros, que fogem ou ficam.
Pensando conhecer quando estão se refletindo, fingindo, imitando, sendo autêntico.
Cada um sendo o que pode ser, determinações finitas de infinitas possibilidades que falharam, porque só isso é possível.