Tenho palavras presas na boca
que não sei como as soltar
Empurrá-las do trampolim da língua
para o mar raivoso dos ouvidos alheios
Despachá-las do vácuo do não dito
para o abismo da comunicação
Palavras caladas de sentimentos explosivos
que não exalam & não explodem
Porque estão enraizadas fundas
dentro do peito
& quem eu queria que as escutasse
está fora do alcance do som do trovão
Resguarda o mundo & os ouvidos de uns
de toda essa tormenta
Ninguém mais precisa de palavras graves
ou cantos de amor
Quem mais procuramos nos fazer ouvir
é quem partiu para longe do estrondo
& assim silencioso como tumba
enterro a essência verbal
Que me salvaria ou comprovaria de vez
que todo esforço de dizer é levado comigo
Para a irrelevância do silêncio
de quem não quer mais... escutar...