Eu fui ali
dar uma volta pelas beiradas
As ruas, mais ou menos paradas
com as quadras
se encaixando pelas quinas...
(...peças esparsas de quebra-cabeça na esquina emendando quarteirões...)
As redondezas
continuam as mesmas
Mas mesmo assim
tudo está
cada vez mais diferente...
(...um beco de nada que nunca vi por entre duas casas com um vaso a florir sombras onde o sol não bate...)
Não importa que tudo mude
não enxergo longe mesmo
Cabeça baixa
com o peso das correntes na mente
Da loteria das escolhas
que todos somos ganhadores...
(...passeios ásperos novos & velhos para os pés de borracha & carne gastarem o pó que soltam & o que incrustou...)
Eu fui ali
& as coisas que só meus olhos viram
Ficaram para mim
& quem por lá passou
Estranhos para estranhos que somos
memórias para o esquecimento dos outros...
(...o ipê roxo todo pelado com suas roupas-rosas no chão vestindo o asfalto então...)
Fui dar uma volta no quarteirão
ele é maior do que o mundo
O lugar em que sempre vivi
aos poucos o lugar que não conheço mais
Estão construindo & desmanchando
& de vez em quando, vou passando...
(...o vento frio passa pelo sinal verde como os carros com pessoas frias pelo sinal vermelho, de dentro das casas fechadas só com cães acordados, o vento foge...)
Fui ali
dar uma volta pelas beiradas
Levando o meu
caminho do meio...
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