"Todo abismo é navegável
a barquinhos de papel".
-Guimarães Rosa
Eu de manhã resgato
No turbilhão de lentos pensamentos
Um barquinho de papel
Que louco rodava no mar do tempo
em que eu mesmo flutuava em sono
enquanto não acordava...
No papel escrito
parcos grifos
de um poema que naufragava:
"escreve para viver
escreve & crê,
aí pode largar
quiçá esquecer,
dar ao fogo
ou guardar & depois ler
aquecer,
em raro papel
erguido de dobras
& vincos de palavras riscadas
com rabiscos de haicais
& frases aleatórias
que o caos coou,
filtro do fluxo
de pensamento
onde a borra
do que se quer poema
ficou,
nada raro papel
que pelo processo da escrita
passou,
costura no tecido do tempo
repuxado pela gravidade
dos sonhos
& do esforço para tornar o amor
realidade
...nem que seja
escrito... "
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