23 de mar. de 2011

"1º Dia do Bem" da União do Vegetal

26 de março é Dia do Bem: lazer e serviços gratuitos à comunidade
Apresentações artísticas, oficinas, aconselhamentos em saúde, oportunidades de capacitação e serviços sociais fazem a programação do “Dia do Bem”, que acontece no próximo dia 26 (sábado), em diversas cidades brasileiras. O evento é uma realização de voluntários das casas beneficentes do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal – ou UDV, religião de origem amazônica, de fundamentação cristã e reencarnacionista. A UDV conta, atualmente, com quase 200 unidades (núcleos) no Brasil e alguns também no exterior. 
Aqui em Uberlândia o Dia do Bem acontecerá na sede do Lar Espírita Maria Lobato de Freitas - Rua Ângelo Cunha, 25, Bairro São Jorge (em frente ao Poliesportivo do bairro), das 8h as 12h. A entrada é franca e estão previstas palestras de promoção à saúde, higiene bucal e orientação vocacional. Ainda na programação, oficinas de artesanato, orientação musical e auto massagem. Serão realizados atendimentos individuais por profissionais voluntários nas áreas de medição de pressão arterial, prevenção ao diabetes, orientações de aposentadorias e demais benefícios do INSS, orientações sobre direitos trabalhistas, estética e beleza. Atividades recreativas, esportivas, artísticas e culturais também estão previstas. Na oportunidade, a Unidade Administrativa local do Centro (Núcleo Sabiá),  fará a apresentação do Projeto Luz do Saber, que trabalha a alfabetização de jovens adultos através de software desenvolvido em parceria com programas do governo federal, a ser implantado na cidade. 
Os internautas poderão acompanhar as atividades nas diversas cidades onde acontece o Dia do Bem através de página no Facebook (Dia do Bem - UDV 50 anos - http://twixar.com/aSsFFFgc) e também no Twitter (@diadobem_). Por lá, os voluntários da UDV publicarão programação, notas, vídeos e fotos do evento.
“Certamente será um dia de alegria e toda a comunidade está convidada”, anuncia Tânia Batista, diretora nacional de Beneficência da UDV. Segundo ela, “eventos como o Dia do Bem fortalecem ainda mais a relação da UDV com a sociedade, graças a um trabalho que já vem sendo realizado há 50 anos e reflete, de forma simples e efetiva, os princípios cristãos da União do Vegetal”.

50 anos de boas ações
O Dia do Bem, realizado inicialmente pelas unidades beneficentes da UDV em Macapá (AP) e Santarém (PA) foi integrado ao calendário nacional da instituição, na agenda de comemorações do cinqüentenário da União do Vegetal, fundada em 1961, em Porto Velho, pelo seringueiro José Gabriel da Costa. Segundo dados históricos do Centro, as ações sociais fazem parte da UDV desde a origem. À medida que a instituição cresceu, o trabalho filantrópico ganhou maior porte e notoriedade, com diversos serviços à comunidade, como atendimentos médicos, capacitação, alfabetização de jovens e adultos, campanhas do agasalho, entre outros. A União do Vegetal - www.udv.org.br - é instituição reconhecida como de Utilidade Pública Federal. 
O foco principal do trabalho social da UDV, na atualidade, é a alfabetização de jovens e adultos, feita com a utilização do software livre Luz do Saber, desenvolvido por iniciativa da União do Vegetal em parceria com programas do governo federal e do Estado do Ceará. O software está disponível no site http://luzdosaber.seduc.ce.gov.br.
Atendimento à imprensa, sites e blogs: diadobem.udv@gmail.com

16 de mar. de 2011

Japão Irradiante



Nippon
   desde sempre
      bailas nessa tribulação
Com o solo
   Com a água
      Com o átomo

地震  津波  放射

Nippon
   tremula assim tua bandeira
Sol, Mar, Terra
Hasteada em memória retroversa
Imperando irradiantemente mortal
   teu Sol Nascente.

10 de mar. de 2011

Rosto

Rosto
...uma máscara
fruto da sorte...
...uma carapaça
fulcro da trapaça...

 
Rostrum

Atávico anátema ou benfazejo

das agruras & doçuras

do corpo inteiro...

“Corpus vivendis”.

Rosto

enrosco de nada & carne.

Remoinho remoído remoente

que inquieta & remansa:

-Minha cara!


Rosto meu

Uma tal rota

traçada na interface de um mapa espelhado

face a face

no espelho interdito

dos ditos da cara.


Carântula Mascara!

Esse emaranhado

com ranhuras, distensões & cicatrizes,

Tudo moldado em cima

da símia herança

que é o esqueleton do crânio

Óssea caída de Pandora

de ressonância pessoal.


 Meu rosto

é o lótus & o lamaçal

O broto que se abre aqui

vindo de algures interdimencionais

direto para meu tempo presente,

Aflorar brotoejo como cara,

pra todo mundo ver...
 


Isto é o meu “cara à cara”

com o agora,

Minha “cara à tapa”

para a realidade encouraçar,

A “fronte à cuspe”

donde escorre & destila a seiva

dessa madeira-de-lei:

Cara de pau!



Meu rosto

é o final do repuxo

de um nexion

onde não cresce limo.

Mas meu rosto

é depredado & nodoso

Pela vergonha própria

Pelo desprezo alheio

Pelas desculpas recorrentes

Pelas bênçãos necessárias

Pelos sorrisos desusados

& os socos recebidos & os sarros aparados

os anseios infligidos, os desejos reprimidos

os muros erguidos, os gritos sufocados

os choros guardados, o suor escorrido,

Tempestades isoladas & surpresas insuperáveis...




E é com isso,
Esse rosto

essa máscara

Essa cara

esse monólito

Essa face

esse contraste

Pau pra toda obra

Com que vou encarando

à tudo & à todos...


(Peço então continuem

não me olhando nos olhos!

Peço que continuem

me jogando verdades na cara!

Peço que desviem & riam & refugam...

‘Desprezar antes de ser desprezado...

ou devoradas com os olhos!’

Pois eu também repugno

esses encontros do acaso...

E eu sei,

olhando na cara de quem

eu realmente amo,

Que nem o tempo

ou nada na face da terra

Muda meus sentimentos

por ‘aquele rosto lindo’

Que comigo

adentra nos tempos...

moitas de espinhos...)


Esse meu rosto

essa minha cara

essa minha face

É tudo que dou

para o mundo enojar-se!

Esse meu resto

essa minha tara

essa minha praxe

É tudo que tenho

para ao mundo embelezar!


4 de mar. de 2011

Para antes do carnaval e durante...

"Eu tinha visto coisas demais suspeitas para estar feliz. Eu sabia demais e não sabia o suficiente. O que é pior é que a gente fica pensando como que no dia seguinte vai encontrar força suficiente para continuar a fazer o que fizemos na véspera e já há tanto tempo, onde é que encontraremos força para essas providências imbecis, esses mil projetos que não levam a nada, essas tentativas de sair da opressiva necessidade, tentativas que sempre abortam, e todas elas para que a gente se convença uma vez mais que o destino é invencível, que é preciso cair bem embaixo da muralha, toda noite, com a angústia desse dia seguinte, sempre mais precário, mais sórdido. É a idade também que está chegando talvez, a traidora, e nos ameaça com o pior. Já não temos música dentro de nós para fazer a vida dançar, é isso. Toda a juventude já foi morrer no fim do mundo no silêncio de verdade. E aonde ir lá fora, pergunto a vocês, quando não temos mais em nós a soma suficiente de delírio? A verdade é uma agonia que não acaba. A verdade deste mundo é a morte. É preciso escolher, morrer ou mentir".

Louis-Ferdinand Céline

-Até depois do carnaval pessoal...

1 de mar. de 2011

Sendas paralelas: Ankhibasie

“A arte tem relâmpagos inexplicáveis”
                                                                                Laci Osório


4.16 – Anquibasia

(Texto de “Heráclito e seu (dis)curso” (pp.101/102) de Donaldo Schüler – L&PM)

     Concluamos com uma palavra em situação dicionária, por onde poderíamos ter começado.

Anquibasia (B 122)

     A palavra é parcialmente dicionária, porque no momento que é atribuída a Heráclito, ela sai do dicionário e entra num contexto produtivo. Quem a registra é Suídas, um lexicógrafo tardio de quem se ignoram dados biográficos e que deixou um Lexikón, espécie de dicionário enciclopédico com mais de trinta mil artigos que, embora não obedeça a critério rigoroso, contém informações preciosas do mundo antigo. Ankhibasie é uma palavra rara. Como não está excluído que tenha sido criada por Heráclito, resolvemos recriá-la em português, anquibasia. Qualquer tradução - e há várias – lhe rouba as multissignificativas sugestões. Ankhi (próximo) é um advérbio poético que unido a basie, derivado de baino (andar), significa aproximação, o andar na proximidade de. O léxico de Suídas sugere, entretanto, que ankhibasie tenha sido criada para substituir amphibasie (separação, desacordo, discussão, contestação).

     Anquibasia leva-nos a território heraclitiano: convergir para divergir, aproximar-se para contestar. Heráclito freqüenta filósofos, poetas, sacerdotes, devotos, oradores, políticos... Onde quer que haja discurso está Heráclito, certo de que convergências e divergências afastam e aproximam do Discurso. Como discorrer sem andar na vizinhança do Discurso? Quem pensa anda próximo, tem certa intimidade com os que pensam e com coisas sobre as quais se pensa. A hostilidade faz parte da intimidade. Quem esbraveja mostra-se insatisfeito com o que lhe é próximo: outros, ele próprio, todos, tudo. A anquibasia transcorre entre o alcançar e o ser retido.