“Tudo o que não for dito com sinceridade total, é dito de forma errônea. E a incapacidade de livrar-se desse vício implica em aprofundar-se apenas no caminho da perdição.
Aqueles que praticam o mal em plena luz do dia – os homens os castigarão. Aqueles que praticam o mal em segredo – Deus os castigará. Quem teme aos homens e a Deus, está apto a caminhar sozinho. Os que se devotam ao interior, na prática não adquirem reputação. Os que se devotam ao exterior buscam a preeminência entre seus iguais. A prática sem a reputação confere prestigio aos mais perversos. Mas aquele que busca preeminência entre seus iguais é um mascate cuja fraqueza todos percebem embora ele afete ares de felicidade.
Aquele que está em natural solidariedade com o homem, a ele todos os homens vem. Mas aquele que se adapta por força das circunstâncias, não encontra lugar nem para si mesmo, muito menos para os outros. E aquele que não tem lugar para os outros, não tem laços. Tudo se encerra a si próprio.
O nascimento não é um início; a morte não é um fim. A existência sem limitações é o espaço. A continuidade sem um ponto inicial é o tempo. Há o nascimento, há a morte, há o prosseguimento, há o ingresso. Aquilo em que alguém ingressa e de onde sai sem ver a forma, são os Portais de Deus.
Os Portais de Deus são a não-existência. Todas as coisas surgiram da não-existência. A existência não poderia fazer da existência a existência. ela só pode ter surgido da não-existência, e a não-existência e o nada são uma coisa só. Nisto reside o sábio.
Descarte os estímulos do propósito. Liberte a mente de perturbações. Livre-se dos emaranhados da virtude. Atravesse as obstruções ao Tao.
Honrarias, riqueza, distinção, poder, fama, ganhos – estas seis coisas estimulam o propósito.
Aparências, porte, beleza, argumentos, influência, opiniões – estas seis coisas perturbam a mente.
Ódio, ambição, júbilo, raiva, pesar, prazer – estas seis coisas são os emaranhados da virtude.
Rejeição, adoção, recebimento, dádivas, conhecimento, habilidade – estas seis coisas são obstruções ao Tao.
Se não permitimos que estas vinte e quatro coisas andem em desalinho, então a mente funcionará devidamente ordenada. E devidamente ordenada, estará em repouso. E estando em repouso, terá clareza de percepção. E tendo clareza de percepção, estará incondicionada. E estando incondicionada, estará no estado de inação (não-ação) pelo qual nada existe que não possa ser conquistado”.
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