Subo...
de novo essa montanha
&
não mais tenho medo de cair!
O
medo sou eu!
O
cair soou “eu”!
A
minha direita o abismo, -Aeons-,
a
minha esquerda o abismo, -Arcontes-,
dentro
de mim o abismo: Abraqxas!
Vou
jogar nele a escalada,
vou
jogar nele a queda,
vou
jogar nele o eu...
Subo
essa montanha
depois
da chuva de estrelas,
depois
da invasão,
depois
do baktun,
depois
da parusia.
Na
montanha as árvores em flor,
mulheres
em tez, é a irmã, a gêmea, a promessa,
a
nagual de meus sonhos
&
uma alavanca para mover o mundo
do
ponto fixo desse chão íngreme que me testemunha...
Eu
preciso ainda viver.
Preciso
ainda persistir mais um pouco
&
tentar mais uma vez
conquistar
o quinhão deste cume,
tomar
posse de um pedaço da escarpada da montanha
que
tanto me queda,
que
tanto me cansa
&
me derruba nos braços da solidão
&
me dá o desafio do acontecimento...
De
lá de cima vou gritar ao mundo!
E
quem é que irá me ouvir?
De
lá de cima vou insultar os povos, as massas,
os
pobres, os ricos, os degradados, os infligidos,
os
soberbos
&
a todos os iludidos:
“Não
vos pertenço oh! Império nenhum!
Um
dia lhes oferecerei minha carcaça, mas não hoje! Não hoje”
Só
aquilo que será meu cadáver será de todos vocês, povos,
massas
dos cemitérios desterrados da idiotia.
Minha
vida, minhas palavras, meus poemas,
isso
é de ninguém além daqueles que são iguais a mim:
os
que sonham,
os
que vagueiam,
os
ouvem a música & dançam,
os
que sentem, ah!, os que sentem!
Os
que amam & amam a Noite eterna do Ser
cujo
o cume, para ele essa montanha é
trampolim...
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