instantâneo a sumir
antes (de)
ecoar.
[Haikais
da manhã]
Acordo nu (&) cru
teso (&) quente,
deitado
horizonte sou.
Saio do quarto
a gata me escapa
felina (a) saltar.
Tomar um café
ou um chá de cidreira
depois, o rapé.
Roço o jardim
enxadadas a limpar
poemas virão.
Pássaro vento
em duplo sentido vai
vento a passar.
Semente de flor
enterrada na terra
brota sua alma.
Banshô
afixa
Fibonaci
estende
áureo
pensar.
[Haikais do meio-dia]
Fogo &
água
na cozinha
a cozer
fome de
comer.
Gostos que
gosto
coentro,
alho & sal
arroz a
cheirar.
Pão de mel
quente
da abelha
o ferrão
como um
beijo.
Some na
manhã
logo na
tarde tarda
toda noite
vêm.
Ayahuasca
chá de
expansão beber
só me
conhecer.
(O) dia
cabe no dia
(a) noite
cabe na noite
Tudo me
cabe.
[Haikais da tarde]
Sem
aforismo
aflora o
momento
quando
poemo.
Cada seixo traz
a memória
do rio
caminho
d’água.
As folhas
secas
rolam
& acumulam
fim de
inverno.
Manha de
gato
exige
respeito
sedução
(de) fera.
Às seis da
tarde
imóvel
silêncio
acalma
tudo.
[Haikais da noite]
Lembranças
de Ana
olhar
esverdeado
um sorriso
leve.
A noite
clara
fala de
luar azul
as sombras
alvas.
Nuvens no
luar
dão conta
do meu sertão
olho &
visão.
Estrela
D’Alva
no momento
dos Budas
quatro da
manhã.
Queima na
sala
incenso de
arruda
limpando o
ar.
Nuvens do
dia
despem o
anil do céu
nu vens à
noite.
Lembranças
de Ana
indizível
saudade
(da)
menina rara.
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