1 de out. de 2014

Ode Digital da Rapsódia Inscrita no Livro das Faces




Baixados na rede
   manifestos espectrais
      assinados por verdadeiros
         pseudo-Shakespeares
Onde se plotam links fractais
    para arremedos medonhos
      dos fundos-perdidos
         de uma obscura Clarice

Verdadeiras teorias
   conspiram até os poros
      a favor da satanização de Cristo
Bugando cruzamentos de megabites
   onde arquivos-mortos
      de planos-B em 3D alienigenas
Revelam as engrenagens calendáricas
   da próxima data do novo apocalipse

Legiões de Caetanos mortos
   ressuscitam epigrafes certeiras de Vilas-Lobão
      nas lápides de cemitérios de Zuvuya
Perto do litoral onde Raul destrona Elvis
   da prancha quântica
      moldadas por linhas de Lennon
         que a última ressaca de Cobain regurgitou

Todos cantam em coro
   em um tape digital apócrifo de um réquiem
      desenterrado semana passada
         do volume-morto superficial
No recém-re-edificado
   Templo de Salomão
O qual fora erguido por sepulcros caiados
   fantasiados de fariseus

Temendo o próxim dilúvio analógico local
O bigode de Nietzsche é transportado
   da seção Suméria do Museu do Louvre
      para a casamata ao lado
         do tumúlo de Lúlios Vernes em Nantes
Protegido enfim dos piolhos de Leautréamont
   o bigode descansa em paz
      na cabeça do esqueleto de Foucault

Embutido em pílulas
   e dissolvido no suco elétrico de uma McShake
O DNA de Dolly
   revira em gravidade zero escadas de Jacó
      em uma capsula rumo à Sirius
O foguetão que a leva no porão
   revolveu com suas asas de borboletas
      as areias do Sinai
Desenterrando uma base Annunnaki
   que entupia dezenas de poços de petróleo

Um mal-compreendido Newton
   declama poemas gravitacionais vaginais
      censurados pela mediúnica boca fálica
         de Austin Osman Spare
Um santificado Blake
   pinta toda nudez beethoviana
      com uma pena do Anjo-Pavão
Retorcida pelo Sol que agora jaz & goza
   na morada líquida de Aquário

Em mil blogs ninfetas anoréxicas
   revitalizam com libações de dedos na garganta
      a moda da década passada
Decadência suscitada
   em fios irrecicláveis
De plantações de algodão invadidas
   por sem-terras desnutridos de ideologia susbstancial

Refluxos atlânticos atávicos
   a partir do ponto de naufrágio titânico
      no Triângulo das Bermudas
Influenciam indigestões pacifícas
   levando à foz do Ganges
      uma pororoca de ossos de cadávres hindus
Ao mesmo tempo que encanamentos clandestinos
   unem subversamente
      as águas dos Mares Negros & Vermelhos
Engrossado pela saliva kosher
   de milhares de sionistas armados até os dentes

O tempo pára no Sol
   & se acelera na Terra
Reflexos de espaços extendem-se & se contraem
   no espelho mimoso da Lua
Enquanto tal brilho descolore
   a ilusão do sorriso de Monalisa
      junto às ancas beliciosas de Bianca Beauchamp

Revoa um vendaval-tsunami de cinzas
   enchendo os céus mediterrâneos
      no apagar das fogueiras ascesas que não queimaram o Voynich
Ascesas em nome do bom Papa Inocêncio III
Espalhando a febre Occtânia
   até os desertos afrodisiacos
      que o ebola faz enfim se enseminar

Santos de casa engrossam as filas
   que enchem estádios de concentração
      onde se degladiam Brasil & Alemanha
Adiantando o ópus da Besta de 7 cabeças
   que Isis não abençoa & nem quer encarnar
      apesar das cabeças decepadas pelo Estado Islâmico

Todo esse fulgor evanescente
   acenta enfim no trono de Nebadon
      que são as confluências de grandes buracos negros
Que varrem o lixo de todo o universo
   de novo para o nada da inconsciência do Caos
De onde nós somos os fundadores
   da digreção de sentido
      que não dá mais nenhuma informação

& declara solene o sonolento Anjo do Mahapralaya:
“Que se inscreva tais palavras
no prologo do Livro das Faces!”
& que se encerre essa feira cósmica
   que prova a futilidade
      de toda inteligência humana.

Consumadum este toda distância
   que as vias digitais atrofiaram!
& enquanto o mundo desmorona
   “- Os comerciais, por favor!”
    diz a criatura asquerosa e risonha.

(Agora, quanto a mim,
   com licença!
Vou sair para dentro de mim
   & beber um cálice transbordante
      de neutrinos…)



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