“Os vínculos reais entre o indivíduo
e a sua cultura estão soltos.”
Hebert Marcuse
Crianças pobres
depredam sua própria escola,
Infante
resquício de mais um tijolo fora do lugar
& um
parafuso a menos na engrenagem do pensar...
Elas cantam em
coro: “Nós não precisamos de educação!”
& berram:
Abaixo isso! Abaixo aquilo!
Até picham:
Andróginos miméticos
da sociedade de consumo
do 3º mundo.
Desconstruímos
um muro,
& erguemos
outros, onde
Nossos
animaizinhos
Imitam outras
bestas ferozes
Dentro dos muros
desse zoológico humano.
tão bem
construído pela História.
Circula
por aí uma irracionalidade algoz
Ela não alivia
nada nem ninguém
Apenas simula
uma liberalidade banal...
Cresce
a barbárie
Como
cresce a moda: barbas bem tratadas
&
os cabelos bem zelados
à
base de química & propaganda,
Estão
nas caras & cabeças, de pessoas por demais intiligeeeeentis,
Nos
perfis das redes sociais.
Vulcões,
terremotos, fuzilamentos & protestos
A
humanidade atende ao chamado da selva
Pois
a Natureza nos quer destruídos
Antes
que a destruamos;
Enquanto
extravasamos
toda nossa frustração reprimida.
Enquadra
por aí uma ferocidade natural
Ela não perdoa
ninguém ou nada
Só faz crescer o
abismo entre você & si mesmo...
Na escola,
devíamos aprender
Em casa,
devíamos aprender a aprender
Mas quando faliu
nossa capacidade
de aprender & ensinar
Tornamos-nos
animalescos,
Pois os animais
não sofrem
da pressão e das
dores existenciais.
Alma
poluída
Padecendo
de consumo & idiotia
Prepara
o corpo para a suprema entropia.
Uma
grande ignorância
Já
desaba sobre o mundo
Precedida
por dores & ranger de dentes
de toda essa estagnação financeira.
Triangula
por aí estações de rádio & TV pontuais
que nos falam dos
50 anos de vitória
da imagem pronta
sobre os livros...
Nus nos trópicos
Dispensados do
esforço invernal,
Vai verão &
vem verão,
Carnavalizamos a
cultura e a curtição
Enquanto nos
banalizam com psicotrópicos vencidos,
programas de TV
e drogas virtuais,
Para que enfim
sejamos apenas
mão de obra
terceirizada.
&
a felicidade finalmente sem finalidade
se retira daqui,
Um
lugar que nunca a acolheu.
Invejada
como simulacro nas fotos digitais
Implantadas
nas plataformas cibernéticas,
Regiões
onde o caos sempre se refaz
Bailando
a eterna dança da morte
do espírito tão maltratado.
***
Citatório:
(encontre você
próprio o fio da comunicação)
“Às épocas
dissolutas cabe o mérito de haver desnudado a essência da vida, de nos haver revelado
que tudo não passa de uma farsa ou amargura, e que nenhum acontecimento merece ser
embelezado, já que é necessariamente execrável...
A ‘verdade’ só é
vislumbrada nos momentos em que os espíritos, esquecidos do delírio construtivo,
deixam-se arrastar pela dissolução das morais, dos ideais e das crenças.”
(Cioran – Defesa
da Corrupção no “Breviário da Decomposição”- Rocco)
“A felicidade
envolve conhecimento: é a prerrogativa do animal
rationale. Com o declínio da consciência,
com o controle da informação, com a absorção do indivíduo na comunicação em
massa, o conhecimento é administrado e condicionado, O indivíduo não sabe
realmente o que se passa; a máquina esmagadora de educação e entretenimento
une-o a todos os outros indivíduos, num estado de anestesia do qual todas as
idéias nocivas tendem a ser excluídas. E como o conhecimento da verdade
completa dificilmente conduz à felicidade, essa anestesia geral torna os
indivíduos felizes.”
(Marcuse –
Dialética da Civilização no “Eros & Civilização”- LTC)
“Dois mil e
quinhentos anos depois da tecedura de Platão, parece que agora não só os
deuses, mas também os sábios se retiraram, deixando-nos sozinhos com nossa
ignorância e nosso parco conhecimento das coisas. O que restou no lugar dos
sábios são os escritos, com seu brilho áspero e sua crescente obscuridade; eles
ainda continuam à disposição em edições mais ou menos acessíveis, e ainda podem
ser lidos, se ao menos os homens soubessem por que ainda deveriam lê-los.”
(Sloterdijk no “Regras para o parque humano”- Estação
Liberdade)
“Atualmente, o
que fundamenta a noção de ‘indivíduo’ não é mais o sujeito filosófico ou o
sujeito crítico da história; é uma molécula admiravelmente operacional, mas
entregue a si mesma e obrigada a se assumir sozinha. Sem destino, ela não terá
mais um desdobramento pré-codificado, e se reproduzirá ao infinito, idêntica a
ela mesma. Essa ‘clonagem’, em sua acepção mais ampla, faz parte do crime
perfeito.”
(Baudrillard – O
Crime Perfeito no “Senhas”- Difel)
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