Incauto,
espero que o acaso me favoreça
entre luzes & sombras de um dia como os
outros
Nada
me resta a não ser deixar me arrastar pela textura
tecida pelo fio trançado das Parcas
Sigo
a linha mesmo sem me recordar onde vai dar...
Ela
me levará mais uma vez
para o repouso indolor do sono irmão da
morte
E
fazer-me recordar do que estou preste a esquecer
Mesmo
que me venha em sonhos
Mesmo
que seja uma presença inesperada...
&
nos sonhos te encontro novamente
me falando de coisas que nunca existiram
Eu
escuto seus vaticínios sonhados
como quem aceita a dádiva de uma surpresa
desviante
É
assim, mais uma vez, que você volta para mim...
Nas
entrelinhas escrevo o acervo de alegrias reminiscentes
que nunca aconteceram entre nós...
Elas
são nomes de lugares, ideias de paixões
crianças que nunca tivemos
&
encontros furtivos pelos caminhos oníricos...
Me
prostro na dobra do vento
ante os momentos que se foram e os momentos
que nunca serão
Enxergo
com límpida ofuscação
a forma do seu rosto que vai se perdendo com
o tempo na memória
Eu
sei que já há algum tempo tu és só uma ideia em meu coração...
Mas
não deixo se apagar em mim
o apego que tenho em ainda estar a procura
Daquele
dia radiante em que terei mais
do que uma vontade inesperada de te
encontrar
pelas ruas da cidade...
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