Entender o momento pelo qual passa o Brasil não é uma questão difícil. O fato é que visões discrepantes se confundem no cenário, o que torna o entendimento, sempre refém de ideologias, precária.
O que acontece é que não é do conhecimento das massas os fatores complexos que urdem o que seja a realidade. Política, Direito, Economia de um lado e Existência do outro. Os primeiros são sistemas virtuais vivos já independentes, autômatos postos em movimentos e agora incontroláveis, que gerem a si mesmos. A outra por sua vez é um processo, em eterna construção, se relacionando com os componentes formadores da realidade, sendo assim sem uma definição acabada.
Os dois “sistemas” tem pontos de contato muitos sutis, a existência humana acessa a política através de um ideal de ação, contendo as linhas morais necessárias para essas ações. Com o direito a coisa é mais simples, se impõe um ideário moral que garanta modos de conduta e punição para desvios, o que é entendido pelo indivíduo, mesmo não conhecendo todas as leis, sabe-se do que é legal e ilegal através de intuições ou esclarecimentos. Já com a economia as coisas se tornam mais abstratas, mesmo porque esta é revestida de um fundamento teológico, lida com humores mais do que com emoções, e talvez por isso tenha seduzido a realidade e a comanda agora. Estes três pontos são a base do Estado.
A existência por sua vez comporta tudo isso, de forma diminuída, pois divide como se pulverizada cada ponto do tripé do Estado em cada ser humano, onde surgem as imputações como alienado ou engajado, consciente ou inconsciente, politizado ou desinformado, etc. Existir é estar inserido dentro de um jogo que começou antes e do qual temos que ao jogar ir aprendendo as regras.
No Brasil, entretanto, temos uma pseudo-regra, que nossa cultura carrega, que a possibilidade do “jeitinho”. Essa concepção tem profundas implicações, mas fala principalmente sobre a possibilidade de se burlar as regras do jogo, e quanto mais alto na escala social, lidando com uso do poder, seja político, legal ou econômico, o “jeitinho”, que é conveniência, se torna modus operandi.
Agora, no Brasil, além do que vemos na cotidianidade, do que nos repassam pela mídia por um filtro asséptico, evidentemente justificável pelo acesso de crianças aos meios de comunicação, mas que ao fim faz tornar crianças todas as pessoas. Coisa porém que se repete em esferas onde não seriam necessárias, o que chamamos de “politicamente correto”, o que ajuda imbecilizar os adultos.
Então em um momento impar da mídia nacional, quando expõem em rede nacional, principalmente nas emissoras de rádio, sem cortes, conversas dos “homens de poder” da nação, os que lidam com o jeitinho em mais alto nível, a população é posta em contato com a falta de polidez pura, que é geralmente remetida às pessoas incultas, xucras, que preconceituosamente são enxergadas como os que residem nos baixos níveis da sociedade, ou seja, na bandidagem, nos extratos sociais sem cultura e educação formal, etc.
“Preconceituosamente” é usado aqui evidentemente para designar o que achamos que deveria ser, mas não é, pois as gravações dos últimos mostram justamente que esses elementos baixos estão no alto-escalão do governo, do Estado. É evidente que todos somos humanos, e assim não somos muito diferente em qualidade uns dos outros, todos temos nossos momentos de desabafo, onde para externalizar sentimentos fortes, usamos às vezes termos grotescos, mas o que se revelou com essas pessoas é que esta é sua essência moral, e assim política, existencial.
Não me é estranho, por exemplo, pensar em juiz da alta corte usando um palavrão, ou um artista, em sua privacidade do lar soltando um impropério, ou um padre ou pastor soltando uma blasfêmia, etc. Não, o que mais me estranha, além do fato de essas gravações que vieram à tona chocar a população, é a forma como tal palavreado revela explicitamente o caráter de pessoas que, preconceituosamente, concordamos que deviam ser mais educadas. O que aparece é: Eles são como qualquer um!
Isso se dá porque ao longo de nossa formação de nossas concepções acerca a realidade é que os que estão em cima, no poder, deveriam ser melhores um pouco, dos que estão mais embaixo, ou pelo menos fingir que o são.
E pior, mais além das palavras, os atos dessas pessoas são também de tão baixo calão quanto seu linguajar. Seus atos pessoais e seus atos governamentais... E isso não se restringe à qualquer posição política de esquerda ou direita, todos são assim, todos são humanos.
Uma interpretação política da realidade é muito conveniente, pois revela justamente o que é a Política sob a qual estamos submetidos, e por consequência, do Direito e da Economia. Sloterdijk chamou isso de “esquerda heideggeriana” (in Critica da Razão Cínica, pg. 288). Fala claramente da Alemanha, mas podemos estender ao Brasil, enquanto um Estado moderno de governo de esquerda, o qual não se distingue qualitativamente de outros.
Essa é uma Esquerda cínica, que se coaduna exatamente com a interpretação de Sloterdijk do que seja essa representação política, que ele diz ser fascista. “Fascista’ é o termo certo para definir os membros da “esquerda” Petista, como ouvimos nas gravações que vieram à público e se revelou no evento-palanque da posse dos ministros que foi veiculado sem nenhum comentário que desmascarasse o momento, ao vivo, pela televisão.
Essa “esquerda heideggeriana” tem totais expressões vistas nos “movimentos sociais” presentes na posse dos ministros e nas manifestações de rua, os elementos que fazem parte desses atos são pessoas que se encaixam na visão de Heidegger do indivíduo histórico, Dasein, enquanto um ser que está voltado para o entretenimento e para o conflito. Eu vi essa marca dentro de escolas, com defensores do PT e de Dilma e Lula, são fascistas de esquerda, que se põem psicologicamente em uma posição imoral, pois usam do argumento de que a direita “também fez as mesmas coisas” e assim se torna psicologicamente para eles justificáveis as atitudes criminosas do PT.
Tudo isso gira em torno de questões Éticas, é apesar de eu entender a conclamação de certos formadores de opinião na mídia que o momento de crise deve ser politizado, eu ainda creio que ele deve ser posto sob um crivo moral, e mais, Ético mesmo, porque a Ética ainda deve ser a base da ação política no mundo.
O fato é que no Brasil, politicamente, se perdeu a perdeu a vergonha de tudo. E essa situação se estendeu ou se somou, aos pontos Legais e principalmente Econômicos, pois talvez advenham de concepções econômicas a falta de ética e moral que alcançou a Política, na forma do liberalismo e da pulsão de enriquecer.
Heidegger fala que dentro do panorama cínico da existência que se estende à política, o que compete é uma busca por autenticidade, só que essa autenticidade é uma forma de “Consciência sem Consciência”, o que representa justamente o modo de pensar dos que se dizem de “esquerda” aqui, defensores de Lula e do PT. Tal condição existencial se estende logicamente à todo ser humano, vendo que a maioria dos que defendem a direita o faz pela prerrogativa do “porque sim”, porém nesse momento esses últimos tem razões práticas obvias, a Corrupção!
Destes pontos formadores morais-políticos vamos ao posterior, ao que se desenrola imediatamente no futuro. Ao que nos levará essas posições morais que se enfrentam?
A posse de Lula como ministro, as palavras de Dilma, as reações dos presente naquele salão, as pessoas nas ruas protestando contra, etc., tudo se encaminha justamente para o momento último em que a “esquerda heideggeriana” pode usar: o enfrentamento, o combate, realizando a pulsão vazia máxima de um indivíduo sem ética e sem razões práticas, ser-para-a-morte, ou seja Guerra!
Eu acreditava que em um país como o Brasil, inserido na economia global, participante da comunidade internacional, com uma infraestrutura social dentro da internet e sua liberdade de informação, estivesse imunizado contra qualquer tipo de golpe ou ditadura. Que se isso fosse pensado, seria nos pesadelos da “esquerda” com seus sonhos comunistas, porém o que a posse de Lula como ministro revela é que há pessoas comprometidas incautamente com o poder pelo poder, cegamente, não dando a mínima para milhões de pessoas que protestam nas ruas, o que prevalece com estas pessoas é justamente aquela “consciência sem consciência” que caracteriza todo tipo de fascismo.
No âmbito psicológico-existencial essa tomada de atitude lida com a “culpa”, mas no caso do Brasil enfim essa “culpa” se transmutou de uma culpa à priori para um audácia de culpa à posteriori, ou seja, eles estão todos assumindo uma culpa pela desgraça onde lançaram toda uma nação e as consequências futuras disso, cujo o maior caráter de todos é a morte definitiva de uma possibilidade de união nacional.
Dilma, em sua inconsequência política brutal, da mesma essência da inconsciência política de Lula, algo viral relacionado pela paixão fascista pela imagem do ditador aos modos de Fidel, Chaves, Morales, um mimético embriagado e medroso de déspota fuleiro, forma de se vingar de Pinochet ou Bush de forma inexplicável, que só se acha um vínculo lógico no fato de ter que esconder seus erros estúpidos através da permanência no governo.
Assim Dilma, Lula e chefões do PT, com seus últimos atos tentam esconder sob o manto da legalidade que não mais pertencem à eles, ao preço do sangue dos conscientes sem consciência, promovem o discurso e a atuação do “jeitinho máximo” finalmente expressado junto à total falta de sentido do seu próprio vir a ser.
O modo como Jaques Wagner trata o fato de Lula tomar seu cargo de Ministro Chefe da Casa Cível é emblemático! Ele diz “beeleezaaa!”, expressando assim a forma de toda a preocupação, a forma vexatória do que é sua missão para com a política e a coisa pública, ou seja, não tem respeito nenhum, não tem nenhum fundamento original, é “tanto faz!”, “não importa!”, “tudo bem!”, revelando a forma como encara a função pública de todo o PT e todo político brasileiro. Eles não estão ali porque amam trabalhar na política, eles estão ali apenas ocupando um posto que lhe é conveniente, e mudar de posto é apenas parte desse “jeitinho máximo” instalado no poder do Brasil, pois isso se demonstra também nos atos da direita eleita.
Então, o que se desenrolará de agora em diante é o seguinte: se as coisas se passarem com certa normalidade, legalista e medrosa, as coisas, o governo, ficará como sempre foi, destinado à nefasta casta política brasileira. Se houver confronto corremos o risco de efetivar o impensável, a ditadura, o golpe, não podemos nos esquecer do que é a China.
Assim repousa justamente na quebra democrática deste processo, o que é paradoxal, mas possível, justamente pelos elementos que protestam nas ruas, eles tem que ter a consciência que devem quebrar corajosamente a função do espetáculo implantada na sociedade. Por que sem fazer com que os políticos, de esquerda ou direita tenha medo do povo, na forma de respeito ético mudará.
As ruas, o lado que agora protesta contra o governo, deve tencionar de tal forma a sociedade, que um medo real de catástrofe se emane dali, e não do salão de posse do ministro bandido! Esses lidam com o medo, esses, como diz o Marco Antônio Vila da rádio Jovem Pan, querem um “cadáver”, então é função dos movimentos “Vem pra rua” e “Brasil livre” dizerem que eles podem sim ter o seu cadáver, entretanto estamos comprometidos com a vida, ou seja, há de se começar a tramitar também nesses movimentos de reação ao governo o próximo momento, sem Dilma e PT no governo, que deve ser de união nacional.
“Eticizar o momento”, mais do que politizar, pois a política no Brasil se tornou âmbito da “consciência sem consciência” da esquerda e da direita, os movimentos de rua devem superar então o próprio momento da política nacional, e na crise se desvencilhar com tudo que sempre houve de errado no Brasil. Essa é a grande oportunidade que o momento traz.
As pessoas que vem defender o governo estão em crasso erro ético, porém não podemos esperar que tomem consciência disso, mas eles se ligam aos protestantes anti-governo pelo ódio. E o ódio é também um elemento que serve à “consciência sem consciência”, e cabe aos que defendem a sanidade, que querem lutar contra os bandidos no governo, querem lutar contra a corrupção não devem ceder ao ódio.
De alguma forma, teremos todos que engendrar uma sabedoria tal, para superar esse momento, e traçar desde o povo, um projeto de união nacional, para além do espetáculo, para além da violência, para além do ódio, pois em sua falsidade profunda, em sua perversidade existencial, voltada para o mal mesmo, Lula, Dilma e o PT conseguiram conflagrar uma ilusão de justiça social, calcada no “jeitinho”.
Devemos passar por esse momento e sermos inteligentes para quebrar o “jeitinho brasileiro”, devemos desmascarar o discurso da divisão social, a realidade da política brasileira, do Governo, do Congresso Nacional e do Poder Judiciário não é a realidade do povo brasileiro, não pode ser, devemos afirmar que não é.
O velho clichê de que cada povo tem governo que merece deve ser desincutida do profundo psicológico do povo brasileiro de uma vez, e esse momento de crise total é o que garante que isso seja possível, é a quebra constitucional, é o golpe que devemos dar, romper com a mentira que possibilita que elementos como Dilma, Lula, FHC, Collor, Sarney sejam os representantes da totalidade nacional.
Da divisão total que vemos agora no âmbito espetáculo político é enganosa, pois ela é de conveniência da política, o que os esclarecidos devem se pautar é na união.
Essa é a única mensagem possível que devemos acolher nesse momento. É ela que tem a força necessária para mudar o Brasil, e dar vislumbre à verdadeira vontade de combater as injustiças sociais que deram brecha para o verme do petismo se afirmar no corpo nacional: NÃO CEDER A QUALQUER FORMA DE FASCISMO!
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