13 de mar. de 2018

fissura no real


['rachar' - palavra de etmologia obscura
'fissura' - de fissus
físsil \/ fácil]

...pois a tua luz perambula facilmente
pelas minhas obscuridades...
eis o que se abre,
um segredo: tudo é fácil
pela fissura, entra & sai
a luz...
rachas do real
fissura que urra
sem compromisso
de se tender
ao final omisso
poemas como rachaduras
trincas que destravam
urdiduras arcaicas
como mordidas dispensadas
nas páginas de seus membros
que cedem aqui & ali,
magros, frescos, carnais
que acolhe toda dor como tatuagem,
santificando-as no corpo
como meu toque que te alcança
pelo olhar
& cravo assim esse encadeamento de palavras
rumo à sua ex-insistência
quero-me nefasto
pois só assim afasto
o dever de ser
conforme a ordem natural das coisas
tu que adivinhe logo,
pois já faz uma eternidade,
pelo caule que meço o tempo,
que você já devia estar aqui,
na sala de tortura & gozo
ao alcance de minhas mãos
& boca, & espírito...
que te amam, te querem
demais
assim... no arcaico
escondo sofisticação
de um incomodo
por falta de palavra melhor que amor
digo fissura \/ obsessão
a rocha rachada no caminho...
onde você me tocou
& o meu coração explodiu
abriu uma fenda no tecido da realidade
fissão constante
no céu do meu mundo que acabou
dali agora pulsa
paradoxos & obsessões
incoerências
para inundar o ar de prejuízos
& fazer voar minhas tomadas de juízo
rachas
trincas
fissuras
aberturas do aberto
fraturas
fúrias
todo homem que ama
assume a responsabilidade por um abismo...
sou só um afogado
no canal aberto do mundo
que inunda de querer
atrai imergindo
daqui pra lá & de lá pra cá
fenda
ofenda
oferenda
ofensa
confessa
renda-se...
tecido
que tens sido
ofendido
investido
apela à sede
de ser
tencionada
ao limite
...sedição
...sedação
...sedução
nossa moralidade de criança
onde o juízo alcança
o prejuízo da ânsia
fratura que faz irmãos
distantes
nessa fartura de te ver & ouvir
& tocar
que não sacia
é duro o ato
de se desnudar aqui
ejacular um pouco de si
em público
onde se vê
mas não imagina
a altura da defenestração
urdir
ardor
rachaduras
puro duro ato
de se aturar
..........desnudar
...........se
em palavras
em um sentido
um rumo que não consola
que não se acha
não serve para
nada
o que é
tornar-se
o que é
se tu és
aquilo...
nessa taoística das fissuras
casuística aleatoriedade
fulguras figuras de linguagem
furta na junta entre yin & yang
a linha da navalha
onde se equilibra
a falha que é o gozo
& seus rascunhos de ultimatos
ao nada
pedra racha
madeira racha
paredes trincam
a terra trinca
o som destoa
as pessoas mudam
estranho viver
impedem a seqüência
no impessoal
de continuarmos órbitas de uns & outros
nas encruzilhadas nos abandonamos
& seguimos sozinhos, mas em outras companhias
& se eu dissesse
que hoje é dia de fissura
você dançaria?
me daria esse prazer?
sorriria da aurora ao ocaso?
notaria que eu existo?
-estou aqui por um 'sim' seu!
uma https://static.xx.fbcdn.net/images/emoji.php/v9/ffc/1/16/1f44d.png
👍!
então
racha meu refrão
que não te chamo mais
pelo teu tão pouco
& subliminar nome de labirintos
rara
de beleza verde viril desde o olhar
fissura
de teu jardim & pomar
& fonte fome
de minhas aflições
trinca meu ser
mas só quero te ver feliz...
do começo
ao
fim**.






*pós-citação:
"Quebra, quebra, quebra
Nos pés de tuas pedras, oh! mar!
& eu pronunciaria
Os pensamentos que nascem em mim!"
(Frater Perdurabo)



**pós-fissuras:
(pois o real só se completa
quando eu o abarco
ingiro, inverto
& o emano de dentro de mim)
-por isso você não é só você
mas o que eu fiz de você
em mim-
{ a saber: Nada É = Algo É }
...r-achou...



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