20 de set. de 2018

Bússola

Vivo morto, navegando naufragado
& tenho esse sonho
que é um cadáver seu...
Repousa na escripta do mais belo jardim
de um desejo desejado até a perfeição...

Há esse hemisfério onírico
com suas ilhas preditas,
entre elas, eu & você...
Desalinhados um do outro
pelas erupções da tragédia
que emergem no intrânsito oceano
do vir a ser...

Navego até lá sem direção & sempre a encontro,
No círculo a estrela é a intuição & a sorte,
Navego até lá em um barco
chamado "Phlainiliante",
...um nome inventado:
"Aquele que desliza entre as ilusões"...

É uma nau do desassossego,
ancorado na ilha da esperança,
onde está esse jardim da saudade;
Campo santo
que nem devia existir...
Minha bússola só aponta
para a constelação de Anarquiáries,
tua casa arquétipca...

Enchi as velas
com o vento do desamparo,
& gargalhei em meio à tormentas
lembrando a sina
de Perséfone ao lado de Hades,
que correu para o mar carregando seu pomar,
Como um maldito corsário
do amor...

Às vezes remexo nessa ferida inventada,
volvo essas águas com cascos de pedra...
Qualquer sensação profunda em relação à você, mesmo que ilusão,
é melhor que não pensar em ti,
ou te esquecer...

Me desculpe se ando te assombrando!
Todo mal-estar da vida
tremula em correntes invisíveis
que nos ancoram entre o possível & o impossível,
Sou um tripulante de barcos sonhados, fantasmas,
velejando pela insatisfação...

& ao desembarcar
sou um jardineiro entre criptas
que zelo em seu nome,
Templos ao tudo/nada interdito
de um gostar
erigidos em ilhas não habitadas
na costa desse desespero
& solidão...

Tenho esse sonho orgânico,
vivo & morto...
É algo que flui do chão,
uma planta bela & espinhosa,
que cresce no solo, mergulha no mar, ascende ao ar...
Roseiral-mar-nuvem-sonho
esquecido desse sentimento:
...deslizar entre as ilusões...

Tenho um barco de pedra
para naufragar...
Tenho asas de sonhos
para adormecer...
Tenho lugares oníricos
para onde me dirigir...
Coisas para suportar
não te ter...




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