1 de abr. de 2019

Inóspito

Poemas das distâncias
Do tempo lento que se dissolve na longa estrada
que devora qualquer velocidade,
Prosa pesada das paragens isoladas
Um vale, uma curva, o mirante
Um posto, uma ponte, uma vila...

Ainda não estive na literatura
onde quis estar,
Raramente li
sobre gentes & lugares que me acolheriam
A não ser nos sonhos
a não ser nos meus sonhos...

Percorrer estradas & linhas,
ler é procurar lugares
& quando se tem o gosto do inóspito
não há muito por onde passar,
O caminho é reto
da imaginação para o mundo
O sertão, a selva, o deserto
o mar, outra estrela, o corpo de amar...

Porque o que se quer
É antes estar longe, perdido
do que encontrar,
Sem mapas - sem tempo;
Rumar à esmo
ao acaso dentro de um ocaso,
rumar à auroras desoladas...

Mais do que chegar, ir,
Nômade de ruas, estradas
abismos, páginas,
Trilhas no sono
no abandono dos pés
das rodas, das asas
Até onde valer a pena
despertar.

Nenhum comentário: