A intimidade construída com palavras
é uma estrada pavimentada
para se distanciar...
& a distância contém o que fica,
quem lida com as crias da ânsia
sabe disso...
É que sentimentos plantados em canteiros
são projetos de desertos
& desertos são todos os caminhos
cruzados sobre si...
Não há oásis onde se deixa de irrigar,
Não há palácios para se abrigar
o sol & a chuva por dentro...
Não há como modular a atração,
gravidade não cria peso,
apenas conforma carências
que se atraem, distraem & traem...
Os leves atraídos por coisas leves,
os pesados pelo pesar,
Aí sentimos onde os pés atolam
& inventamos asas...
O mundo gira,
mas temamos em retroceder,
É que no passado há um lugar onde não nos conhecíamos...
Agora isso é de mentira,
o silêncio uma mágoa sem porque,
a distância uma precaução relativa...
Depois da colisão
mantemo-nos próximos pelas escoriações...
Ali onde nos ferimos,
encha de indiferença,
carregue de sentimentos errados...
O mundo é redondo
com estradas tortas
só é reto uma ilusória retidão...
Com isso não nos cobrimos
& chegamos a lugar nenhum.
Esquecer não é opção, é violência.
Mas não há outra forma,
Às vezes o melhor
é deixar queimar...
O fogo limpa o campo
& nas cinzas se planta a cor...
Pelo atalho para esquecer vamos empurrando-puxando...
Retalhos são só partes de uma coisa maior que cortamos...
Todos esses são caminhos certos
para sempre se encontrar de novo,
A fuga é circular
& é o mais longo dos caminhos...