Me pego escrevendo como Cioran, tristezas &
mágoas quase sem nexo, se não fosse a
beleza, se não fosse a verdade...
Vir a existir é um despertar rumo ao adormecer, um
encher gradativo para esvaziar-se repentinamente.
Existir é ter onde caber todos os desejos &
não ter por onde os desalojar.
Existir é distorcer uma ilusão até ela não mais
ter lugar na consciência & se tornar dor & querida.
Esse descer à vida só pode ser voluntário. Afinal
somos masoquistas, nossas errâncias o provam, somos o cisco que na ostra se faz
pérola barroca.
Ninguém vem aqui por engano, todos entram nesse
artifício da vida por morbidez própria. Somos ousados.
Vamos de encontro a tão só uma sensação, um
reconhecimento, que somos velhos, muito velhos... mais antigos que o tempo
& existir é vir lembrar isso.
& para quê? Para nos redimir da eternidade
& do infinito & do nada em nós:
Amor & imaginação & ignorância.
Coisas que furtamos de outros deuses &
tornamos melhor, & como criminosos que somos, tivemos a sorte de no
sarcasmo cósmico do Demiurgo, escolher nossa pena: Existir! Com tudo que isso traz.
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