1 de abr. de 2020

Enphlexyon


 Rephlexus\/Ephlexos\/Phlexos\/Phluxus

Flexione na forma a reflexão do vazio,
eis o mundo...

Em se refletindo o mesmo
eis que outros surgem, ser & não-ser...

O que aparece é um reflexo
 precário do fluxo que subjaz em tudo...


–A Imagética Reflexiva
-Então seria certo dizer que na quarta parte ou na
metade de cada imagem observada, refletida e
gravada em nosso aparato cerebral há parte de
uma mensagem que viemos constantemente
interpretando, ignorando ou esquecendo, pela
sua importância e banalidade, talvez um soma
zero da forma, talvez um código de volta ou de
entrada, estadia ou não, do mundo...
(Enphlexyon – Ex-Tractadus)

   Enphlexyon foi o nome dado ao processo de montagem de fotografias cuja finalidade é expressar uma forma de emanarte sinestésica do olhar na dobradura da realidade cotidiana, e assim chamar atenção para o invisível escondido logo ali, onde a visão cessa, e se abre o portal de mundos interiores, paralelos ou complementares secretos.
   Enphlexyon pretende, na forma de uma imagem reflexiva, criar “metáforas para a visão, e diversão para a visão, e alucinações para a visão, e revelações para a visão, novos mitos breves para a visão, inspirações também, para ampliar a mente, expandir os sentidos...” (in ‘Ex-Tratactus’, Enphlexyon 2010 p.2), e desta disposição imagética inspirar o artística a produzir textos referentes a esses vislumbres que a realidade esconde.

   Retomando essa obra de 2010 e seu processo de emanação de imagens agora, ponderando-a sob uma visão Vultur, Enphlexyon ganham conotações ar-tisticas alinhadas ao próprio Vultur. Vê-se no processo emantivo Enphlexyon a presença do “jogo” da analogia que Vultur chama a tenção, como complementaridade ou Totalidade, nesse caso da própria imagem ou da coisa e das coisas fotografadas. Instala-se pois a possibilidade de ver, no objeto comum (0), sua contra parte binária (1), e assim se revela a kaos-ordenação de nossa 20 realidade e do mundo que nos cerca, cuja a maior expressão ou símbolo é a figura antropomórfica, que na maioria das vezes se revela nas imagens enfphlexyonadas, mas ali está a prova que o ser humano é que descende dessas figuras bi-reflexivas, que remetem à anjos, duendes, gnomos, os enteais da natureza.
   E que além dessa descendência na figura do ser humano e dos animais herdada dessa propriedade da realidade, a própria natureza aparece enfim em aprofundamento, demonstrado nas imagens mandálicas surgidas quando do processo aplicado em paisagens.

   Assim nesse momento, Vultur pode defender a tese que a realidade em que residimos, da forma que a observamos, está situada em uma paragem da matéria onde as coisas só são porque ao fundo há uma infinda sustentação espiro-fractal, que o processo emantivo Enphlexyon revela.
  Com Enphlexyon podemos observar a extensão do tempo-espaço momentâneo ad-infinitum, de onde emergem os mitos, os deuses, os seres angelicais e demoníacos que fizeram casa na imaginação humana, outrora, antes da possibilidade de um método técnico de os observar, emergiam nas visões produzidas por substancias expansoras da consciência, os enteógenos.
   Por isso em Enphlexyon se defende que o processo emanativo é uma forma sinestésica de emanarte, porque ela revela de forma categórica os efeitos suscitados na mente expandida, que entra em contato com essas dimensões paralelas da realidade habitadas por seres arquetípicos.

-Poeticamente dizendo disso acima: amalgamas
do cérebro, ou desdobramento do um, ou da
metade, ou saudades do duplo, ou ecos do
andrós no antrós e vice e versa, busca da
entropia da agonia da solidão, desfacelamento
incorporante reflexiva, tao da forma revelada...
(ibid)

   Ao fim também, Enphlexyon já defendia o fator totalizador da experiência humana e principalmente ar-tística, onde as partes analógicas masculinas e femininas ruma à uma complemento em perfeita harmonia, remetendo-se ao Tao, simbolizada na figura do oroboros do Yin-Yang.

   De tal forma que podemos afirmar que esse processo emanativo é uma forma de provar a completude da realidade onde habitamos, para além do bem e do mal, ou seja, totalmente amorosa e sensual, onde o Vultur agora vem cravar os parâmetros físico-espirituais desta função de ser.

   Que a arte fora a primeira manifestação espiritual do ser humano, antes de haver a coisa hedionda chamada religião, é tácito, e que esta arte se deu por causa dos sonhos, da morte e do sexo, parece certo, porém agora com o Vultur podemos qualificar, coagulando o rol de criação deste ar-tista, os pontos e pontes de ligação dessa visão da realidade, elevando para além do que foi até agora a “arte”, que decaiu naturalmente no processo entrópico da cultura, tendo Vultur uma primeira manifestação de rebelião e revitalização. A corrente encadeada deste ar-tistica prova a senda por onde ela emergiu do inconsciente.
   Nesta mandala emanada pelo processo Enphlexyon, original de 2010, chamada “Refolhamagnificante”, observe o espelhamento e aprofundamento da realidade. A seguir no texto que acompanha a imagem podemos perceber já a imanência do “estilo” literário Vultur que coaduna o processo textual do Analogion.



   Para encerrarmos este capitulo da Mito-Poiésis acrescentamos algumas obras emanadas em 2017 com a técnica Enphlexyon, onde reverbera imageticamente a emersão de figuras antropomórficas à realidade ar-tistica.





   “Que o espelho seja expansor e não mais ditador, espelha nossa ilimitada beleza convergente, de um ponto onde o meio seja o princípio dessa visão; não mais ecos, mas reverberações... -E o poeta extravasa, imagina e sintetiza um pensamento, uma visão assim, um poema... “
(Enphlexyon – 2010)











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