4 de abr. de 2020

Notas da Cidade Fechada


                                                   "Tamaghis... Ba’dan...
Yass-Waddah… Waghdas…
                                                   Naufana… Ghadis”


Lá fora
   construíram
      muros de nada…

...espero
   pelo desespero que me faça sentir por inteiro
entre uma & outra
   falta de ar...dor...

O peito vazio
   como as ruas deviam estar
& a vontade nula a prosperar
   como vírus em colônias no ar...

Eu quero
   preciso
      excretar palavras,
Sobrepostas como mantra
   como coito
Em um ato de virulência...

...violência
       corpo-lar...

Toda essa quietude
   mais que mata
Derrota!

Celebre cárcere privado
   de todo encontro
Sequestrado pela própria fragilidade
   de estar.

Agora tenso
   o círculo da morte outrora em suspenso
Anos a fio até se fechar.

Somos só como vermes
    em poças paradas
       ecoando abortos de relacionamentos...

O mundo ainda está lá fora
   jogado à um semi-silêncio
& ao torpor dos vácuos não preenchido por presença alguma.

Sirenes rompem o vão
   em horas imprecisas
      conduzindo naufrágios
         de naus carnívoras.

Acossados pela irritação de não saber o fim,
   em atmosferas limpas,
Crianças gritam
   & gritam as bocas famintas...

Rezamos por um crime nas vizinhanças
   rogamos que invadam
      toda nossa privacidade
Com a fúria
   que as orações não concedem.

Com a atração
   do predador
      para com a vitima...

Outrora na cidade fechada
   lembro de todos os livros velhos
      acossados, largados à poeira das estantes
De uma loja já distante,

no centro, antro, na praça onde via Ana
   se transformar...

Salas improváveis
   onde flertei
       com um corpo sobrevivente de um mal do coração

Só um corpo
   a se materializar
No radar cego de um morcego
   que a quer amante.

Atolados que estamos
   nesse espaço-tempo irreal
      reformado aos detritos da inutilidade
         de se habitar, mesmo com desejo.

Qual o tempo? Qual o tempo?
    que habitamos agora
      que tudo mudou?

Havia escrito em algum lugar aqui
   um feitiço de cidades perdidas
Portal escarlate
   que descendia doce do céu...
Eu esqueci!

Já se passaram mil anos
   que as fronteiras dos abraços foram fechadas
Vagamos longe
    do portão do paraíso
& do inferno.

Vamos, vamos...
   antes que nada mais seja verdadeiro
      antes que mais nada seja permitido!









Nenhum comentário: