16 de mar. de 2022

Eu... Falo...

 

Eu falo de você, abalo-me,
   és areia que vaza no funil da ampulheta,
Sempre falo em você
Seu doce
   Azedo
      Familiar
Gosto de decepção & êxtase;
   mal bem estar.

Seu gosto de sorriso & choro
   o desprezo & benção corporal
Os lábio faciais & altos baixos abissais
Que exalam & sugam
   Distâncias & temporais,
      raios & trovões à esbravejar
Enxugam & umidecem
   Lágrimas de sal & outros ouros mais.

Eu calo sobre você, anulo-me,
   Silêncios gulturais
Escarificados até os ossos sub-verbais
   Pois você é visceral
Caverna escura
   do tempo de criança já demente
Mina & olho, útero & poro,
   onde sonhei deitar... eternamente...

& ali deleitar
   Gozar, chorar, esquecer, amar
Sem corpo, só pulsar
Na fala, no calar
   Na falta falha presença pensar estar
Da prolongada incerteza do fim
   De que tudo que é real
É só seu vir a ser, sobre mim.

Eu... falo... calo...
Você
   Sob véu que não protege
Aquece, arremete, nossa nudez
   Ao silêncio sem beijo
& todo mais entremeio
   que vai da morte em vida
   até a vida nessa morte
Silêncio silício da solidão
   Onde fico.



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