Eu falo de você, abalo-me,
és areia que vaza no funil da ampulheta,
Sempre falo em você
Seu doce
Azedo
Familiar
Gosto de decepção & êxtase;
mal bem estar.
Seu gosto de sorriso & choro
o desprezo & benção corporal
Os lábio faciais & altos baixos abissais
Que exalam & sugam
Distâncias & temporais,
raios & trovões à esbravejar
Enxugam & umidecem
Lágrimas de sal & outros ouros mais.
Eu calo sobre você, anulo-me,
Silêncios gulturais
Escarificados até os ossos sub-verbais
Pois você é visceral
Caverna escura
do tempo de criança já demente
Mina & olho, útero & poro,
onde sonhei deitar... eternamente...
& ali deleitar
Gozar, chorar, esquecer, amar
Sem corpo, só pulsar
Na fala, no calar
Na falta falha presença pensar estar
Da prolongada incerteza do fim
De que tudo que é real
É só seu vir a ser, sobre mim.
Eu... falo... calo...
Você
Sob véu que não protege
Aquece, arremete, nossa nudez
Ao silêncio sem beijo
& todo mais entremeio
que vai da morte em vida
até a vida nessa morte
Silêncio silício da solidão
Onde fico.
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