Eu passei por ali pela manhã, não havia ninguém ainda por perto, nas ruas, comércios, construções... mas havia um delicioso perfume no ar.
Eu pensei que fosse o perfume de alguma mulher que havia passado por lá, uma fragrância forte carregada pelo vento & impregnada nos lugares... como fios de sedução & vida para se respirar...
Na volta, vi alguns trabalhadores quebrando um passeio de uma nova construção, um deles já fincava o enxadão em volta das raízes de uma pequena árvore, & senti, a fragrância vinha dali! Daquela árvorezinha!
Um passeio novo será feito & não havia planos para árvores na frente da entrada do barracão.
Será que de alguma forma, quando passei a primeira vez, aquela planta já sabia que ia ser alijada do lugar onde estava? Será que aquele perfume era um pedido desesperado de ajuda? Uma despedida da vida? Um último ato...
Eu não sei, mas o perfume que senti, entre a curiosidade & a excitação, podia ser uma forma profunda de... tristeza...
Quem sabe, as árvores, assim como se lançam na finitude do mundo enterrando suas sementes na terra, palco dos homens de concreto & desérticos, talvez o espírito delas se lance ao infinito através de um perfume... & galguem como última sedução de sua vida pacata, confundir tristeza com amor.
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