23 de fev. de 2024

Pegados

 

A gente desconhece
   a razão da ordem inversa
A complexa simplicidade
   de não se estar só
Uma trégua contra toda saudade ampla
   um refúgio contra a solidão em comum
Se não fossemos tão grandes
   em nossa pequenisse
Acalmariamos a loucura do solipsismo
   & achariamos a contentação na cumplicidade
É preciso o poder da calma
   antes de tudo se dispersar
& medir a inutilidade de cada um
   para com o outro
Através da utilidade de nos amparar
   quando menos pensamos & mais provável
Chuva molhando o asfalto
   lâmpada acesa em quarto vazio
Presença comportando ausência
   ausência em fuga da simples presença
A gente se reconhece enfim
   quando estamos felizes de estar com alguém
& apesar de haver tantos
   & tantos em solidão & outros não
Haverá um certo entre os errados
   haverá um certo acerto pra cada um
Nunca apegados pela graça de estar
   pegados no vazio entre a carne & o amor


 

Nenhum comentário: