Findando-se como está a Era de Peixes,
chegou o momento de refletirmos sobre o rumo para o qual estamos indo, aquele
“rumo de aurora” que é onde o Sol nascerá, e do qual ele servirá de lente ou
portal para fazer jorrar sobre este mundo a luz das estrelas distantes que
passam agora a reger a vida humana na face do planeta Terra.
Esperava-se um apocalipse, que enfim não se
manifestou da forma que se pensava que chegaria. Terremotos, guerras nucleares,
cometas, invasão alienígena, inversão dos polos, a volta dos deuses, etc., tudo
isso foi se esmaecendo e perdendo lugar nas preocupações humanas à medida que
nossa realidade foi se enrijecendo e o mundo apresentou diante de nossos olhos
uma encruzilhada social e econômica depois dos ataques às Torres Gêmeas e da
quebra das bolsas de valores que arrasta o mundo a mais de 20 anos em um
marasmo de desenvolvimento.
Aos olhos que procurariam com mais perspicácia, talvez poderiam ter identificado os sinais de realização das
profecias na nossa vida cotidiana mundial, e apesar da tamanha inteligência
adquirida pelas pessoas graças às funções educadoras de nossa sociedade e a
grande rede de informação mundial da qual dispomos, me parece que esses fatos,
tais determinações proféticas, ainda levarão um tempo para chegar ao
conhecimento do público em geral, ou será abarcado apenas por pequenos círculos
fechados de interessados.
Posso dizer que essas “coisas de profecias”
e seus afins são eventos que tem mais significados psicológicos, e de tal
forma, perceberemos seus efeitos nos circuitos que lidam com as volições
psicológicas de nossa sociedade, principalmente culturais. Então veremos cada
vez mais de agora para frente, expresso na literatura, filosofia, música, e
principalmente, no cinema, os reflexos psicológicos destes eventos apocalípticos retratados de forma para que o público sorva a experiência, que é
sempre representativa, da finalização dessa Era de Peixes.
Não deixa de ser significante então notar
que chega às telas um filme como “Noé”
para reeditar e fechar um grande círculo de impressões psicológicas, de fé e de
materialização de nossas crenças profundas. E este é só um caso em particular.
Não posso deixar de citar aqui outras películas
contundentes que apresentam ao público em geral certos paradigmas e arquétipos
que a nossa sociedade lidou e pouco conhecia amplamente. São significantes, e
deixo para o leitor interessado assistir e refletir sobre filmes como
“Cosmopolis”, “O Homem de Aço”, “Jobs”, “O Lobo de Wall Street”, “O Poder de
Alguns”, entre outros. Apenas reflitam nas mensagens que os novos filmes, tanto
produções Norte-americanas quanto de outras nacionalidades, vem trazendo a
tona, elas são a pura expressão de nosso inconsciente coletivo sendo redimensionado, “descobrindo verdade”.
Carl Jung em sua obra deu uma indicação do
que seria a próxima exteriorização espiritual da alma humana no texto “Relato sobre coisas vistas no céu”.
Curiosamente a febre sobre OVNIs parece ter passado, graças à uma convenção nos
meios de comunicação de não mais se noticiar sobre tais eventos, e hoje se
restringiu à internet o celeiro de informações à esse respeito, o que poderia
ter uma implicância maior, mas não é o que se viu, dado ao fato de na rede
circular muita coisa inútil, uma verdadeira indústria da desinformação que o entretenimento virtual requer e possibilita.
Se a fé de Aquário deveria se desenvolver em
torno de uma crença tecnológica alienígena, ela foi sabotada. Mas nem por isso
expressões de uma espiritualidade tecnológica se desfez. O fenômeno conhecido
como “Círculos nas plantações de trigo” tem muito dessa manipulação da alma na
realidade, as coisas que eram vistas no céu pousaram, e agora arranham a superfície da terra com sinais misteriosos.
Mas não obstante a ridicularização pública do
assunto “ONVI”, outras fontes de reflexão tecnocientífícas vem se desenvolvendo
e ganhando muitos adeptos.
É grande a circulação de exponenciais
espirituais que misturam física
quântica, por exemplo, com espiritualidade, e talvez esse seja finalmente o
verdadeiro caminho da fé humana daqui para frente. Porém é preciso ainda se
sepultar muitas coisas para que se abra espaço na mente humana para esse tipo
de saber, além de um alto grau de informação ou formação intelectual para se
poder refletir sobre esses “novos” parâmetros. E isso é um trabalho de educação
que levará algumas gerações para se instalar.
Pressinto então um novo período espiritual se
instalando na sua própria velocidade, lenta como sempre, abrindo novos
horizontes para a alma voar.
Como sabemos, com a Era de Peixes se
encerra o Grande Ano Zodiacal onde o Sol percorreu todas as casas celestes
retornando ao ponto que se convencionou achar ser o ponto de partida de todo
nível de consciência desenvolvido pelo, e no, ser humano, e como as estações do
ano terrestre, isto aponta justamente para o Ano Novo coincidindo com a
Primavera, o renascer da Natureza, em flor. Este é o tempo primordial de
qualquer coisa que virá a ser, uma nova infância.
Com a nova infância da humanidade, conceitos
como inocência e ignorância giram em torno das disposições que se instalarão
novamente no mundo, e talvez seja por isso que agora, como na entrada para a
escola, partamos para aprender sobre os paradigmas da física de ponta, por
exemplo. Saberes científicos como ecologia, sustentabilidade, educação
ambiental, também surgem, como se nunca tivéssemos ouvido falar de tais coisas,
como se nunca tivéssemos parado para pensar sobre tais coisas, e agora se fazem
necessário, para o bem de nossa saúde planetária.
Velhos paradigmas e artimanhas de conduta
são então reveladas à publico nos filmes, erros de sistemas e
insustentabilidade de projetos de ações no mundo, de práxis, são notadas e se
percebe a insuportável pressão que certos modos de se lidar com essas coisas
causam, e elas começam a ser criticadas e mudadas paulatinamente, primeiro
pessoalmente, depois, com muita luta e dor, começam a se estender rumo à
sociedade, e talvez assim é que será. A psicologia e a química fisiológica
fazem também parte desse novo estofo de conhecimentos.
A Primavera não se importa com o que passou,
o tempo é o tempo do vir, e ela emerge, colorida, viva, debaixo do tapete de
folhas mortas se enterra os velhos dogmas que caíram ao chão, e logo depois do
frio intenso que mancomuna em gestar no ventre da terra a semente que crescerá,
ela jogará depois ao calor da idade de crescer e fortificar no verão quente os
frutos que gestou tão afetuosamente. Mas agora é a hora de florir, e é isso que
fazem os novos pensamentos, a nova consciência.
Tenho comigo que toda Primavera é Gnóstica,
não pode ser de outro modo. É a primordial Gnose que sempre, ao longo das Eras
e dos Anos Zodiacais vem zelando para emendar o fim à um novo inicio. E não se
consegue essa reflexão sem se ser gnóstico, pois só assim pode-se avançar para patamares superiores, enterrando o que é velho sob folhas secas do inverno.
As efervescências gnósticas no mundo que
surgiram, sempre ocorreram quando formas de se viver em sociedade foram
profundamente contestadas e mudadas com violência.
Perceba o mundo à sua volta! Muita coisa vem
falando disso! De enterrar o que é velho. Não é coincidência um ressurgimento
dos temas gnósticos na filosofia hoje em dia, o que acontece é só que as
pessoas perderam esse nível de comparação para saberem do que estamos falando.
Clama-se à todo momento e em todos os
lugares por uma justiça que não é desse mundo, critica-se à fundo a sociedade,
o povo em si, sem se poder sugerir modos firmes de alternância, mas essas
alternativas já são mencionadas, há uma critica e uma alternativa já plausível à
todo o modo como nossa sociedade se arregimentou, e isso foi igual em todas as
pequenas primaveras gnósticas nas sociedades do passado.
A Primavera requer em si também um
pensamento mágico, uma visão fantástica do mundo, e é isso um pouco o que os conhecimentos
que estão se popularizando exigem de nosso pensamento, de nossa consciência.
Para nossos anciões, nosso pais e avós, os
avanços tecnológicos parecem um pouco como uma fantasia concretizada, coisas de
filmes de ficção científica. Energia solar, agricultura biodinâmica, comunidades
alternativas, sociedade democrática, alta comunicabilidade, nanotecnologia,
supercordas, tudo isso comporta uma visão futurista que finalmente começa a
acontecer e isso denota também um perigo para a mente antiga, uma sombra ruim
que eclipsa o mundinho fechado que está sendo substituído cada vez mais por um
mundo onde as portas estão escancaradas para a interação.
É a Primavera abrindo as flores diletas na
consciência humana no seu jogo de testar o que vingará, o que subsistirá e o
que será abandonado para virar adubo.
E como o mundo se fixa principalmente pelos
pilares da moral e da espiritualidade, antes de ser econômico ou industrial, é
justamente os circuitos psicológicos ou espirituais que sofrem e resistem mais
em serem transformados. Nessas imediações as sombras apontadas para traz são
maiores. Os olhos estão diante da nova aurora, mas o corpo inteiro proporciona
uma sombra comprida sobre o caminho por onde deixamos nossas pegadas até chegar
aqui. E nós amamos muito nossos rastros, zelamos deles como se fosse tudo que
temos, mais isso não é produtivo, deve ser abandonado.
A evolução da mente se fez sobre as tumbas
de velhas ideias, e por que agora deveria ser diferente?
Desconfiadamente, nós que observamos essas re-evoluções, vemos o mundo, as coisas
que vão se arregimentando na sociedade. É sobre isso que muitas vezes me pauto
na condição religiosa que aparecem em nossa sociedade.
As seitas que surgem, derivadas da Igreja
Católica deveriam demonstrar de alguma forma uma evolução psicológica nesse
caminho. Acreditava-se na Igreja primitiva que o Espírito de Deus no mundo
passava por um caminho evolutivo que se caracterizava pela apreciação da alma
pelo Deus Pai (que era o Deus do Antigo Testamento), volvendo-se rumo ao Deus
Filho (que é o Deus do Novo Testamento propagado pelo Cristo) e deve chegar ao
Deus Espírito, e aí uma confusão pode se instalar, porque o sentido fisiológico
exige que se pense em um Deus Mãe, mas o Espírito parece ser o símbolo correto,
tanto da Mãe geradora quanto da Essência, que chamamos Espírito, o que há de
mais sagrado na Divindade, ou seja, o Espírito Santo.
As seitas cristãs atuais arrogam para si
essa característica de nelas sub-jazer essa evolução rumo ao Deus Espírito, e
que são elas que agora falam dessa característica de Deus no mundo, a Igreja do
Espírito como sendo o Pentecostalismo ou o seu fundador, o Protestantismo.
Porém historicamente, e isso foi apagado da saga da fé cristã, existiu um
Evangelho Eterno, ou do Espírito dentro da tradição cristã, que diziam os
seguidores desse Evangelho, serem eles a consumação da encarnação Divina
finalmente.
Isso aconteceu por volta do ano 1200 d.C.
quando Joaquim de Fiore se comportou como o portador de uma revelação do
Espírito Santo e inaugurou essa Terceira Era Cristã, a do Deus Espírito. Essas
datas coincidiram astronomicamente justamente quando o Sol começou a rumar para
a região da segunda metade da Constelação de Peixes, apontando aquele peixe
representativo que indica justamente o Anticristo.
Foi esse Joaquim de Fiore, com seu
Evangelium Aeternum (Evangelho Eterno) que verdadeiramente iniciou uma cisão
espiritual dentro do cristianismo, e não Lutero, que realizou tal cisão
finalmente à nível físico, assim o Evangelismo é uma derivação da doutrina de
Joaquim de Fiore e não dos protestantes, e a manifestação de Deus Espírito é a
face final, anti-crística, pois comporta uma latitude de se desfazer de tudo o
que passou até então à nível espiritual e mundano que o cristianismo significa,
o Deus do Judaísmo (Deus Pai do Antigo Testamento), o Deus da Igreja Romana
(Deus Filho do Novo Testamento) e aí o Deus Eterno (Deus Espírito do Testamento
Aeternum).
Assim se realizou no mundo as implicâncias
estelares de consumação da Era de Peixes, e suas influências psicológicas no
ser humano, principalmente o Ocidental, Europeu, que se espalhou no Novo Mundo
e agora lança-se de volta às outras partes do globo com seu missionarismo
inconsciente.
Como processo espiritual, esse movimento
destina-se a compensar e superar o abismo paradoxal que existe entre o
Anticristo e o Cristo. O Espírito se transforma em “espírito maléfico”.
Jung, no “Aion”, esclarece:
“A era do
Anticristo tem isto de inerente: o Espírito se transforma, dentro dela, em
Espírito maléfico, e o arquétipo vivificante submerge pouco a pouco no
racionalismo, no intelectualismo e no doutrinarismo, conduzindo à tragicidade
do modernismo que pende, de modo assustador, qual espada de Dâmocles, sobre
nossas cabeças. Na antiga fórmula trinitária, sobre a qual Joaquim se baseia,
falta a figura dogmática do diabo que leva uma existência ambígua, como mysterium iniquitatis, em qualquer
parte, à margem da metafísica teológica. Infelizmente – poder-se-ia quase dizer
- seu advento ameaçador já se acha predito
no Novo Testamento. Ele é tanto mais pergigoso quanto menos o conhecemos. Mas
quem poderia adivinhá-lo sob a capa de seus nomes sonoros tais como
“bem-estar”, “segurança de vida”, “paz mundial” etc.? Ele se dissimula sob o
manto dos idealismos e de todos os “ismos” em geral, entre os quais o pior é
certamente o doutrinarismo, a mais anti-espiritual das atividades do espírito…”
(§142).
Aí se aponta subentendido tudo que devemos
superar ao adentrar na próxima Era, a de Aquário. Tudo está dito nesta frase do
psicólogo, quem tem a capacidade de ler nas entrelinhas que tire suas próprias
conclusões, pois os ideais caros à nossa sociedade de um modo em geral, se
tornam paralelos com as premissas pregadas nos altares das seitas cristãs que
se vinculam ao Espírito, tudo isso sendo o nosso “Zeitgeist”.
O que se há a dizer então agora, nesse
espaço sobre a Primavera de Aquário é somente o embate espiritual que está a se
travar no final da Era de Peixes. O Renascimento Gnóstico faz parte das colunas
progressivas desses tempos, onde querem se confundir com os mantos de mesma cor
as colunas do misticismo conhecido como Nova Era.
Isso faz tanta parte da Gnose, da Sabedoria
Direta, como a sombra faz parte da luz. Nota-se a diferença nas fileiras que
seguem representando os desejos irrefreáveis que a alma tem que passar ou
expressar, tanto quanto a “Nova Era” comercial em disposição ao Gnosticismo,
quanto o Evangelismo Economicista em relação ao Cristianismo Esotérico.
Sabedoria versus doutrina, liberdade de pensamento versus superstição,
espiritualidade versus religiosidade.
O catolicismo por sua parte volve em um rumo
de renovação (ou apelação). Sem deixar de começar a assimilar também os apelos
da prosperidade mundana, resolvendo também as pendengas de saúde e tantos nós
mais que a vida apresenta. O fato da declaração da “Assunção de Maria” ter
demonstrado um impulso compensador histórico dentro da metafísica da Igreja, e
agora com o advento de um “Pedro II” na figura desse novo Papa Francisco,
mostra o matagal sem trilhas no qual a Igreja de Roma adentrou e tenta sair
para enfim adentrar na próxima Era com alguma relevância dentro da sociedade.
A minha última metáfora: A Primavera chega, suas
cores e vida são impossíveis de se negar, o mal não é mais uma serpente a
rastejar pelo jardim, sabemos nós que ela sempre foi parte da natureza, o mais
sábio dos animais, a alegria disponibilizada pelos artifícios do inverno não
mais podem prosperar, pois haverá beleza e vida em profusão, espalhadas pelo
mundo, pelo jardim. Deverá, cada um, em sua particularidade, escolher se ainda
vamos insistir na divisão que gera a violência contra nós mesmos, ou vamos por
fim nos acalmar e aproveitar essa nova infância, não como crianças egoístas como
as que criamos geração após geração, mas como verdadeiros rebentos, inocentes,
que esqueceram as divisões impostas pela sociedade, e aí seguirmos para nossa
felicidade, como Cristo disse: “Deixai
vir a mim as criancinhas, pois delas é o Reino dos Céus”.
Eis o roteiro da Primavera. Ressuscitemos
pneumaticamente!
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