Do filme "Livre" (Wild), do diretor Jean-Marc Vallée, com Reese Witherspoon.
[Monólogo Final:]
“Não tem como
saber como uma coisa acontece e não a outra.
O que leva ao
que, o que destrói o que, ou o que faz o que florescer...
Honre... Vou
pegar outro caminho!
E se eu me
perdoar? E se eu me arrependesse?
Mas se eu
pudesse voltar no tempo, eu não faria nada diferente!
E se eu quisesse
transar com cada um daqueles homens?
E se a heroína
me ensinou alguma coisa?
E se todas
aquelas coisas que eu fiz foram as que me trouxeram até aqui?
E se... eu nunca
me regenerasse?
E se eu já
estivesse regenerada?
...
‘Nunca estamos
preparados para o que esperamos!’
...
Depois de me
perder no deserto de meu luto,
eu encontrei uma
forma de sair da minha floresta!
E eu não sabia
onde é que estava indo
até eu chegar
lá, no último dia da minha trilha.
...
Minha vida, como
todas as vidas:
Misteriosa,
inalterável, sagrada...
Tão próxima...
tão presente & tão inerente a mim!
E quão natural é
deixá-la acontecer!”
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“Eu sou
aquilo que estou me tornando!”
Buda Sakyamuni
Na trilha da vida, nos encontramos com
outras pessoas, muitas vezes caminhamos sós, outras com aquele que seguem a
mesma direção, pessoas próximas, que permitimos aproximar e das quais nos
aproximamos.
Se é verdade que vivemos essa nossa vida um
grande número de vezes, já a vivemos bilhões de vezes e iremos viver mais
bilhões de vezes, da mesma forma, sem tirar nem por, em eterno retorno do
mesmo, então só nos resta amá-la como ela é, com todas as dores e alegrias,
todos os erros e acertos, pois não podemos mudar o passado, mas podemos viver
de agora em diante de uma forma que não nos arrependamos mais e seja desejoso
viver essa mesma vida de novo, e de novo e de novo, para sempre.
Nada, nem todas as orações do mundo, nem
toda a raiva e todo ódio que podemos gerar, nem toda bondade e alegria que
possamos ter pode mudar um só instante do que passou... O passado está lá, para
sempre, inalterável! Nenhum fingimento ou milagre existe, que possa mudar o que
passou.
Mas o futuro... nós podemos nos
conscientizar disso, fazer algo didático por nós, e nos habituarmos a pensar
que tudo que vivemos e viveremos irá se repetir para sempre, então podemos
começar a fazer as coisas de modo que valha a pena viver, valha a pena sermos o
que somos, ser aquilo que estamos nos tornando, pois aí está a única liberdade
que podemos alcançar.
Não a liberdade de sermos livres de tudo no
mundo, não a liberdade para amar a Deus, não a liberdade da riqueza material,
mas ser livre no sentido de nos aceitarmos integralmente, dizermos sim a tudo
que passou e a tudo que virá. Abençoar o passado, com nossa estupidez
vergonhosa, nossos erros infames, abençoar tudo, também o bem que fizemos,
nossas alegrias, nossos momentos de honra e dignidade, e seguir em frente,
continuando a abençoar tudo que chega, seja dor, seja prazer, não há outra
forma de liberdade, nem escolhas, só afirmação.
Não precisamos nem mesmo aceitar o passado,
não precisamos querer o reviver de novo, precisamos apenas saber, ter
consciência que o que passou é parte inerente para o que somos hoje, bem ou
mal, bom ou ruim, o passado é só o passado, ele é aquilo que nos trouxe até
aqui. Mas é extremamente importante, é fundamental tomarmos nossa existência em
nossas mãos, mesmo sem entender tudo que está em jogo, mesmo desconhecendo a
soma total das forças, e simplesmente impor aqui, nesse momento presente, um
pensamento, uma palavra, um sentimento: “Sim!”
Abençoada seja! Minha vida...
Abençoada não por outros, não pelos santos
ou pelos magos, abençoada não pela sociedade ou pela sorte, pelo sucesso...
Abençoada por mim... que a aceitei assim!
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