Não
sei o que fazer para desconstruir
o
que não fui eu que ergui
corpo,
tamanho, heranças
forma, vazio,
ordem
o câncer, a
saudade
Eu
só sei daquilo que eu escolhi
& por isso posso responder
tatuagens
japonesas
livros que li,
revistas que abri
sonhos que
sonhei
Eu
só sei de mim, só, sei de mim
& por isso sou culpado
ter gostado de
Beethoven
amar uma
mulher
querer imitar
Burroughs
Nada
do ódio alheio,
só do meu ócio sei
filosofia
& ayahuasca
literatura
& cinema
haicais & erotismo
Nada sei da guerra
que
não foi eu quem declarou
a fome no
mundo
a violência
nos lares
os prejuízos
nas mentes
Sofro & choro,
o
que não é raro
mas coleciono
amigas com o nome de ‘ana’
sou
anarquista, burguês e de classe média
e tenho
simpatia pelo diabo
Sinto
prazer em coisas que não admito,
não
preciso afirmar o que é meu
me fascina
vestir máscaras para brincar
os paradoxos
de ser bom & ser mau
a superação
silenciosa do perdão
Zelo de tolices,
porque
nos jardins tudo é colorido
sei que há
beleza no mundo
que ninguém,
nem mesmo eu, me magoa
que a voz do
coração é maior
O
proibido não me fascina,
não fui eu quem proibiu
prefiro dormir
do que rezar
andar à pé do
que ter que pagar
ser generoso a
fazer caridade
Enfim,
prefiro estar em paz
do que estar torto
cheia de
convicções a zebra é carne...
os limites da
certeza as enchentes simulam...
nada é
infinito se uma palavra lhe cabe...
Então...
me
policio para não usar ‘então’
um beijo pra
vocês que são tristes
escrevam mais
poemas com a palavra ‘merda’,
o mundo
precisa disso,
& me
chamem para as polêmicas:
é ali onde
exercito fugir para ser feliz!
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