de se ser o que se é,
Uma marcha no deserto
que não sai do lugar,
Como se fossemos totens
cravados na areia
mas seguimos, autenticamente,
como árvores que caminham...
O deserto fica
entre o jardim da infância
& o oceano do nada,
Quando partimos
jazem em nossos ossos abandonados
& nas lágrimas das emoções
um pouco do que foi
& do que será...
& vamos crê-sendo;
Crescer na travessia é se equilibrar
(areia, mar, ar, andar)
entre o corpo que se afoga
& a mente que aprende a voar
(areias, mares, ares, andares)...
Há os que sucumbem
como um todo ao afogamento
da gravidade da vida
& a forca do real;
& há os que se perdem
nas alturas da leveza da ida
& na loucura dos raios do sol...
Há essa longa jornada
& o que nos salva de nos perder
são os encontros,
Pois dois perdidos que se abraçam
já não estão perdidos mais...
É por isso que vale a pena
um sorriso, um olá,
Vale mais que ouro
no garimpar arrastar dos pés,
Vale mais um abraço de um vivo
do que o enlace dos mortos...
Faz-se então a grande mágicka
O deserto sob os pés
é levado ao espírito
& assim se perfuma como o jardim,
na imaginação
o árido se torna riso
fluindo o ser que deságua no α-mar...
Faz-se então a grande renúncia
O que ficou para trás
& o que está à frente
não importam mais,
Guarda de tais o doce & o amargo,
mas o que vale é a suavidade
de não estarmos sós...
Há essa longa jornada
travessia de um dia de cada vez
Círculos dentro de círculos,
Observe o que seus olhos não vêem
& a memória esqueceu:
O ponto de retorno na linha reta
as ilusões do tempo & das metas...
Está sempre lá,
a cada passo
a cada reencontro,
um pouco do que foi ou ficou,
O sentido da marcha
a ida sem volta
até conseguir o que se almejou...
Nesse momento
já estamos no paraíso,
a eternidade é para sempre
no passado também,
Nesse momento
nem sequer partimos,
pois só sabemos o que procuramos
ao encontrar
(em com trArte)...
É a grande derrota
a entrega total
uma vitória inexistente
Armistício, trégua sem igual
Um intervalo na inexistência,
Aproveite para se deliciar
na longa & seca estrada
misture o doce do jardim
& o amargor sal do mar...
& o deserto cresce/diminui
Ele é a sorte, é a vida
O Sertão certeiro
lugar único de se estar;
Um oceano,
do modo que você encarar,
Vazante dos sonhos & memórias
que um dia se partiu
& para essa calma vai voltar...
Nas areias
aprendemos a navegar
(A carência ensina o valor)
Nos encontros,
corpos que se chocam,
aprendemos a negar
a morte, a solidão, a fome, toda dor,
Diante do abismo um do outro
nos jogamos,
O bom é voar, mas se caímos,
juntos aprendemos como usar
as asas & outros recursos...
Assim, somos mais do que poeira
jogada ao vento pra lá & para cá,
Na longa jornada
tão curta como um passo em falso
Enraizados no cadafalso
ou caminhando
todos chegamos,
longe ou perto,
onde temos que chegar...
Minhas voltas são nos dias
tempo longo ou curto,
não ousei contar,
que te revejo & beijo
o sentido de ainda caminhar,
Se você não é meu destino
não sei então o que é amar...
Há, essa longa jor-nada
Travessia/travessura
a brincadeira de signi-ficar,
Tudo será dado
nada haverá para se tomar,
Cada um se fez ao caminhar
mas se fizeram mais
quem soube deixar se achar,
significando um para o outro
o momento de se encontrar...
Brilho nos olhos
lágrimas onde devem estar,
Leveza & peso
fomos feitos mesmo para carregar,
o peso dos passos
nenhum caminho percorrido há de pesar ao ponto de prender,
Livres então,
para nos achar,
concedemos nos perder...
Ao nada ou nada
Ar, fogo, repousar
reflorestar reflorir,
ao mar, amar,
De certo aprender
mas também ensinar,
nômades dos nós que desfizemos
Vou atravessando
porque vale a pena
o que quero encontrαr...
Há essa
justa jornada:
Travessia!
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