Lá fora...
(🎵Piano tocando caoticamente... melodia de galhar de pássaros... irreconhecível... mas ouvido pela milésima vez...🎶)
O muro de concreto cercou a janela,
tapando o nascer do sol.
Mas a luz acha outros caminhos aos olhos
Nas brechas dos prédios
que não se tocam mas tapam a visão
Pelo alto, no fim, ou começo, tudo é redondo
com o abismo invertido do céu sobre tudo
& ali tudo circula livre...
Luz, lembranças, som, saudade
invariavelmente rompem os muros
& chegam até nós...
É sábado de Carnaval
Isso quer dizer:
-Um dia a mais, um dia a menos!
Quer dizer:
-Longe no tempo, da última vez!
Quer dizer:
-Silêncio entre o ronco dos motores,
ronco no silêncio da alma!
Aqui dentro...
(Teremin dissonante se estende ao infinito... zunido do ruído branco nos ouvidos... melodia inexistente... só o requiem da morte de neurônios que deviam guardar uma lembrança, uma informação, de festas agora afastadas no tempo...)
A tristeza cercou como muro
o que outrora foi sua presença.
Aquela luz cegante
se tornou claridade que sombreia
a periferia da visão...
Por baixo, sob os pés, tudo é plano
& por ali só se propaga ondas sísmicas
que racham o chão para nos engolir...
Nada circula,
a não ser o pensamento desesperado
em encontrar outro porque
para não ser soterrado!
É sábado de Carnaval
& isso não quer dizer nada
sem você...
Minhas fantasias nuas
espalhadas pelas ruas
como papéis picados jogados para cima
& que agora são sujeira no chão.
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