Eu fico em silêncio para ouvir o frio,
o sussurro dele é igual à sua voz que se foi & nunca mais ouvi,
Eu fico quieto pensando como redimi sua carne das lastimas,
Para o uso & fruto do meu querer vazio...
Enquanto a noite se transforma em dia
& o calor se instala no canto de um sorriso alheio,
Eu me encaixo na posição que pagam para mim ficar nesse custeio...
Viro a peça de uma máquina que funciona à carne, sal, mediocridade, indiferença & pesar,
É assim que nos tornamos doentes mas normais dentro da podridão das coisas que funcionam para estragar...
Escolha cruel entre ser um delator ou um torturador, mesmo que me paguem pra isso,
Eu ainda sou pior que os dois, sou de graça sedutor, com minha impiedade que me impele ao meu deserviço...
Penso só no mundo que eu tenho pra voltar onde nas horas vagas redimo carne, corrompo almas,
Esse local que não tem você mas que outra logo virá para seu lugar...
& eu também redimirei a carne dela pra eu poder amar & desprezar,
Enquanto a minha eu divido entre o sonho & a realidade, do jeito que é mais gostoso jogar...
Assim posso continuar a existir entre a solidão & a potência de imaginar,
Entre o silencio & o frio uma canção que toca sobre uma chama fraca & é a única que possuo para me apegar...
Está todo mundo triste & cansado mas sou culpado só pela minha tristeza & exaustão,
Os resto divido o peso entre ser parte da máquina & a mim pertencer minha carne que posso usar para vender ou dar à imaginação...
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