Encontrar
a felicidade
por entre as horas
por dentro dos dias que vão
nos caminhos de rato nos calendários...
Tem-se
uma vida inteira
mas uma só memória
uma só trilha circular
uma ciranda que se descortina...
O
eterno-retorno
visa o meio
o centro da roda
& não propriamente o circular...
Aquele
nada invulgar no meio
é a porta de entrada
é o ponto de escape
de toda repetição...
Não
bastasse o relógio
a lua, as estações do ano
sua flor que sangra todo mês
agora também há essa agenda virtual...
Mas
o tempo é só isso mesmo: repetição
nosso corpo um arquivo de lembranças
a alma um algoritmo entrópico
& o espírito o stalker do eschaton...
Dessa
história toda
o espírito só reconhecerá
a potência de discordar do retorno
& rumar reto dançando para a sua
estrela...
Depositar
no seu altar sideral
os bons encontros
as surpresas
o amor...
A
mente que experimenta o tempo
é faminta de novidades
não fica muitas eternidades presas
ao que não produz mais discrepâncias
fatais...
O
corpo como ferramenta
perfura essa cavidade
que vai ficando estéril
de
devires bons & ruins...
Espera
da alma
nada mais do que a morte
o gatilho cósmico da rebelião
que dispara o tédio rumo ao ócio
universal...
Até
que tal graça
a mais básica
menores das sorte
revela o jogo que brincamos...
Então
a piada se revela
somos sonhos de anjos
informes, assexuados, incolores
copiando ideias estrangeiras ao mundo...
Todo
anjo é cego
só podem ver sonhando
assim como nós enxergamos
reflexos de solidões que temos que
negar...
É
o que nos iguala à eles
& logo nos torna superiores
poder sonhar com escuridões inauditas
o nada para além do tudo...
&
contra os anjos urdimos nossa rebelião
destronando nossos criadores
que nunca viram o sol do meio dia
& choram lágrimas de eterna
insatisfação...
Nessa
ilusão do tempo
moldamos novos aeons
novos corpos, almas, com um só espírito
descobrimos na finitude a imensidão do
amor-fati!
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