Extensa existência estendida
ao longo de um só ser, um só corpo;
Confluem diversas linhas
que se sobrepõem mas não agregam;
É tudo difuso em proporções
que a consciência não abarca;
Não damos conta de prever nosso futuro,
Tão pouco entrever o passado;
Somos poucos & a mente incompleta
Para o total de possibilidades
Que se desenrolam & somem
Quando o funil da realidade colapsa tudo
Em uma coisa apenas;
Desprevenidos para as idas & vindas
do que quase surge & nunca se desfaz,
A vida se desenrola em acontecimentos
que contestam nossos próprios desejos,
& tudo se realiza
como nunca foi verdadeiramente idealizado.
Pedaço que faltam...
pedaço que foi arrancado
que vaga
perdido... incompreendido... não notado...
Seguimos incompletos
urdindo feitiços desejosos de completude,
É como permanecer
mas não estar...
O nó na garganta não acaba,
A saudade não esvai,
A fúria do desejo não consuma,
O que temos não agrega
para sanar qualquer falta...
Não conseguimos falar da falta, pois ela se perde na noite, no meio do vendaval que nos enche os olhos com a poeira das migalhas espalhadas pelas ruas por entre as horas da madrugada onde tudo se desfaz...
Soergue para nos tornar insônes um conjunto de circunstâncias rasas nas quais adentramos como que se fosse para esquecer de nós mesmos e do desespero ao qual nos aliamos como amigos pois ele parece querer nos trazer o que todos desejam, um fim para a solidão...
Mas há pior
os que sequer sabem da falta
Inconcluídos desde sempre
no exílio geral
do encontro & perdição...
Extensa existência distendida
ao longo de um só ser, um só corpo;
Confluem diversas linhas perdidas
que se sobrepõem & não agrupam;
Tudo está difuso em proporções
inteligível no mistério de estar
que a consciência não vê.