19 de ago. de 2023

Boca da Noite

 

A cidade a cada dia
   cada vez menor
      engolida pela boca faminta da noite
A escuridão cerca
   & o céu cada vez mais baixo
      nos espreme na inexpressão
Temos que cruzar territórios inóspitos
   para chegar à outros lugares
      irrisórios & distópicos
Vazios, valas, nadas
   entre onde estamos & onde vamos
      nos perdemos & rachamos
A cidade a cada noite
   anoitece como os corações
      ocasos ao acaso por entre as casas
Cercados, invadidos, inválidos
   pelo nada que nos cercam
      até o fundo do poço
         dos corpos em trânsito
Esperando cada um
   ser comprimido entre dias & noites
       & corrompidos pela solidão
           que nos cerca & acerta
Entre escuros & claros
   frios & fogos de luzes & jogos
      que derretem a cidade
         & a carne que uso pra ir & desvir



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