Eu sou esse caminho de terra molhado
Sou o barro que jaz
ali, parado...
Todo homem nasce pedra bruta
& vai se diluindo
Pela força do tempo
pela pressão dos pés
sob a lima do vento
& os fatos da vida...
Da pedra bruta se esculpe monolito
os restos cascalhos de um simples delito
O monumento com o tempo derrete
até ser seixo no fundo de um rio
O garimpo leva o que ganha de ouro
tudo de precioso carregado pela vida
Até ser só areia espalhada num campo
cujo único carinho que tem
é se afogar pela chuva...
Que sirva de senda para pés perdidos
por entre as matas que abraçam o rio
Eu sou estrada trilhada & batida
rumo a lugar nenhum
Que perdeu as ilusões da pedra talhada
não compus muros
não fui casa calhada
Descansei no chão
de uma senda repisada...
Mas sou dono de mim
extensa estrada
Sem começo
sem meio
com o fim
de ser temporaria estada...
No meio do mundo
estrada encharcada
Com o peso da água
dos pés & das lágrimas
Estrada sem encruzilhada
só rumo, sem ninguém nem nada...
Se eu chegar
chego pela vaga
Sem poeira, mas lama grudada
nos pés como experiência
de quem por mim passou
& não deixou pegadas...
Quem pisou em mim
quem chorou em mim
Por aqui só passou
ser pedra moída é assim
É trilha é caminho
que ninguém trilhou
até o lugar do 'sim'
Onde as pedras de novo se juntam
para ser um fim
& um princípio, enfim...
Nenhum comentário:
Postar um comentário